tag:blogger.com,1999:blog-379001292024-02-19T08:58:28.281-03:00cinerondaEsse lugar será, ao menos numa idéia geral, um espaço para se discutir e comentar cinema. Mas nada muito sério ou organizado. Falarei de outras paixões e curiosidades tb. Bem ao gosto do freguês!robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.comBlogger96125tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-9932132089623230862009-09-09T19:41:00.003-03:002009-09-09T19:44:25.862-03:00'Cidade de Deus' no Top 20<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsd5sZEvy2kdU15y7WSJp7-UQO3jihthvWykwZQEfFjL18i9Gq0MyuieK-tGKL4vJtWcbpN_-bRehQha0Hd1uamaLpobXR2ZOG_Y2NvHfYm_ONQtmYRLpfO6wdOdUSG0kfuBx3uA/s1600-h/cidade-de-deus01.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 320px; FLOAT: left; HEIGHT: 179px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5379601690097490210" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsd5sZEvy2kdU15y7WSJp7-UQO3jihthvWykwZQEfFjL18i9Gq0MyuieK-tGKL4vJtWcbpN_-bRehQha0Hd1uamaLpobXR2ZOG_Y2NvHfYm_ONQtmYRLpfO6wdOdUSG0kfuBx3uA/s320/cidade-de-deus01.jpg" /></a>E deu no <a href="http://www.imdb.com/chart/top?tt1049413">IMDb</a> , o maior banco de dados sobre cinema na internet: "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, é um dos 20 melhores filmes de todos os tempos! Na verdade, o longa está na 17ª colocação, à frente de títulos como "Caçadores da Arca Perdida", "Clube da Luta" e "O Senhor dos Anéis - A Socieade do Anel". É a melhor colocação de um filme brasileiro nessa lista, que é determinada pelos leitores de todo o mundo. Show, hein?<br /><div></div>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-58699585857888283592009-09-09T19:29:00.003-03:002009-09-09T19:32:23.928-03:00De volta<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihuN_64oiqlpD-WTEArXfbb29z2AjXCCIJlwbhhPE-u5etyknbyQ_G4gEgNP_XUz4sVJWMivibafRuY95ee7ymm3kOHZqGIF8puX1gz4b4bhSc11xSobh18jPVKzrt4YbRPHiKAA/s1600-h/06.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 320px; FLOAT: left; HEIGHT: 180px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5379598788172329202" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihuN_64oiqlpD-WTEArXfbb29z2AjXCCIJlwbhhPE-u5etyknbyQ_G4gEgNP_XUz4sVJWMivibafRuY95ee7ymm3kOHZqGIF8puX1gz4b4bhSc11xSobh18jPVKzrt4YbRPHiKAA/s320/06.jpg" /></a>Sim, estou de volta. E agora como blog, mesmo! Cinema, sétima arte, dvd, vídeo, youtube... todo dia, um novo comentário, uma notícia, uma novidade, uma curiosidade. Estaremos todos na boca do povo. Transformando o <a href="http://www.cineronda.com.br/">Cineronda </a>no melhor site de cinema do país. Tamo junto?<br /><div></div>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-696600555908496832008-03-23T23:34:00.002-03:002008-12-08T21:16:45.733-03:00O PREÇO DA CORAGEM<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTwpUqhCQT2eepbGjpzsXBQ97hu79ymCiubYJJ_wepBCj3u_XM8mUsKiphSWL0NrhHvcxS1kKKCYBG9x8G1lWQRqlw9k7_CFf4HV3mKGeCebbMf3XXTLsuTO2Hanf_KOrFJ8WiOw/s1600-h/preco-da-coragem.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTwpUqhCQT2eepbGjpzsXBQ97hu79ymCiubYJJ_wepBCj3u_XM8mUsKiphSWL0NrhHvcxS1kKKCYBG9x8G1lWQRqlw9k7_CFf4HV3mKGeCebbMf3XXTLsuTO2Hanf_KOrFJ8WiOw/s320/preco-da-coragem.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5181131585983419298" border="0" /></a><span style="font-family: verdana;">Uma das grandes apostas para o Oscar 2008, <span style="font-weight: bold;">Angelina Jolie</span>, protagonista de O PREÇO DA CORAGEM, acabou frustrando seus fãs e ficando de fora das cinco finalistas. Um absurdo, no mínimo. Ela consegue deixar de lado todos os seus mais costumeiros maneirismos, submergindo num personagem de grande destaque, mas nunca tentando se sobressair à história que está sendo contada. Este é, sem sombra de dúvidas, o melhor trabalho dela no cinema - superior inclusive ao oscarizado GAROTA, INTERROMPIDA, que lhe valeu o prêmio de Coadjuvante em 2000 - e um filme acima de tudo relevante, tanto cultural quanto politicamente falando. Isso sem falar de que este desempenho foi reconhecido por praticamente todas as principais premiações do cinema norte-americano, indicado ao Globo de Ouro, ao Broadcast, ao Independet Spirit, ao Satellite, ao Sindicado dos Atores e segundo os críticos de Londres e Chicago, entre outros. A única - e notória - exceção foi o Oscar. Um pormenor que de forma alguma tira o brilho desta obra de inestimável valor.<br /><br />Os méritos de O PREÇO DA CORAGEM começam na escolha do diretor: o inglês <span style="font-weight: bold;">Michael Winterbottom</span>, reconhecido por obras políticas como O CAMINHO PARA GUANTANAMO (2006), CÓDIGO 46 (2003), NESTE MUNDO (2002) e BEM-VINDOS A SARAJEVO (1997). E ele mostra todo o seu domínio na forma como conduz esta história verídica, baseada no livro escrito pela jornalista francesa <span style="font-weight: bold;">Marianne Pearl</span>, que viu seu marido, o norte-americano <span style="font-weight: bold;">Daniel Pearl</span>, ser sequestrado e brutalmente assassinado enquanto cobria os conflitos do Paquistão para o <span style="font-style: italic;">Wall Street Journal</span>. Isso aconteceu em janeiro de 2002, e a notícia correu o mundo todo, chegando inclusive aos ouvidos do casal de atores <span style="font-weight: bold;">Brad Pitt</span> e Jolie. E foram eles que decidiram que esta tragédia não poderia morrer assim, e que merecia ser levada a um público maior, como forma de anúncio e protesto. Assim, com ela como protagonista e ele como produtor, chegaram até Winterbottom, que tomou para si a missão de transformar aquela série de acontecimentos num enredo forte, chocante, envolvente e, acima de tudo, real. Tão duro quanto a própria vida.<br /><br />Daniel (interpretado de forma muito convincente por <span style="font-weight: bold;">Dan Futterman</span>, visto em filmes como BIRDCAGE - A GAIOLA DAS LOUCAS e indicado ao Oscar pelo roteiro de CAPOTE) foi fazer uma última entrevista antes de terminar seu trabalho no dia 23 de janeiro. Esta é a data oficial do seu desaparecimento. A partir de então o governo do Paquistão, dos Estados Unidos, o <span style="font-style: italic;">Wall Street Journal</span>, a CIA, a polícia local e ONGs internacionais se uniram para tentar uma solução pacífica para o caso. Infelizmente, isto não foi possível. Como este desfecho é mais do que conhecido, o diretor sabiamente não procura fazer disto um mistério. O que nos ganha é o modo sério como este desenrolar de ações é relatado, numa edição inteligente e não cronológica, como peças de um grande quebra-cabeças que vão sendo colocadas ao pouco na nossa frente, para que completamos o trabalho montando-o segundo nossa lógica. Processo muito similar ao que os envolvidos devem ter se confrontado naqueles dez fatídicos dias de suspense e tensão. Assim, O PREÇO DA CORAGEM só cresce, seja se pensarmos nele como obra cultural ou debate sociológico.<br /><br />O mundo é um lugar repleto de contradições. A forma como Marianne Pearl encarou esta tragédia é mais uma dessas. O tempo todo ela permaneceu honesta ao que seu coração sentia, aos ideais que ela e Daniel sempre acreditaram e a uma visão de mundo justa e equilibrada. Pode parecer loucura algumas de suas decisões, atitudes ou sentimentos. Mas não teriam como ser diferentes. Mais do que uma emocionante história de amor, este é o relato, como diz o título original, de um coração de muito valor, disposto a encarar as durezas da vida de cabeça erguida e ainda seguir procurando por algo que mereça ser parabenizado. Assim como deve ser a impressão de qualquer um de nós após assistir a este filme: com respeito e a consciência de ter recebido uma lição que não deve ser esquecida.<br /><br /><span style="font-style: italic;">A Mighty Heart</span>, EUA / Reino Unido, 2007<br />(nota 8,5)<br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-74544252806930527262008-03-12T20:56:00.002-03:002008-12-08T21:16:45.851-03:0010.000 A.C.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUqPPL2Lc93T_VOPVnHRuNnjNA7egkHfGXZR-JG2fI9dTtGEgZItdGPJXKhYUS-rJuZhFoee1VvebKKwXqyszV4S_4pJkxnY3YeDhbC7vC-OroaqWAohwSkvtv5mewj30J8nvyFQ/s1600-h/10000-ac.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5177008874044781138" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUqPPL2Lc93T_VOPVnHRuNnjNA7egkHfGXZR-JG2fI9dTtGEgZItdGPJXKhYUS-rJuZhFoee1VvebKKwXqyszV4S_4pJkxnY3YeDhbC7vC-OroaqWAohwSkvtv5mewj30J8nvyFQ/s320/10000-ac.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;">Assisti pela manhã, junto com a imprensa especializada, a principal estréia da semana – ao menos a mais esperada pelo público, com grandes expectativas: 10.000 A.C. é o novo blockbuster do diretor alemão <strong>Roland Emmerich</strong>, o mesmo de INDEPENDENCE DAY e O DIA DEPOIS DE AMANHÃ. Assim como em todos os seus filmes anteriores (e podemos incluir GODZILLA e STARGATE nesta equação), Emmerich volta a dar mais atenção ao visual de suas tramas do que no enredo propriamente dito. Não é exigido absolutamente nada do espectador ao acompanhar o desenrolar dos acontecimentos – que, muitas vezes, são lentos e aborrecidos, provocando mais tédio do que envolvimento. Por outro lado, quando a máquina de efeitos especiais hollywoodiana entra em ação, o resultado é mais uma vez impressionante. Pena que não haja um bom equilíbrio entre estes dois lados.<br /><br />Em 10.000 A.C., somos levados até a pré-história e colocados diante da saga de um homem destinado a se tornar o herói do seu povo. O filme começa bem, com bons efeitos – a manada de mamutes é muito bem feita, tecnicamente e contextualmente. Mas logo tudo descamba para ser "mais do mesmo". As referências são as mais óbvias possíveis: JURASSIC PARK, APOCALYPTO, KING KONG e todas as demais produções do gênero são recicladas aqui, sem muita originalidade ou ousadia. O esquema videogame é seguido à risca, e o fato de estarmos numa outra era é apenas um pretexto de marketing – e não um aliado na missão de conquistar a audiência. Assim, logo estamos nos perguntando o porquê do título, para em seguida voltarmos a nos questionar até quando o cinema norte-americano seguirá fazendo sempre os mesmos filmes, com as mesmas histórias.<br /><br />O ritmo da narrativa é lento, o roteiro é simplista e pouco elaborado, a direção de arte é das mais artificiais possíveis, a maquiagem chega a ser constrangedora, e os atores estão no nível mais baixo da mediocridade. Nada que é mostrado chega a ser minimamente convincente. Em poucas palavras, o filme mostra um garoto tendo que liderar alguns poucos guerreiros numa jornada em busca de outros membros de sua tribo que foram seqüestrados por invasores. No caminho, enfrentam ameaças pré-históricas, como um tigre dente-de-sabre (extremamente falso, a ponto de ser risível, conseguindo ser pior até do que o leão de AS CRÔNICAS DE NÁRNIA) e aves monstruosas (numa seqüência idêntica ao ataque dos velociraptores em O PARQUE DOS DINOSSAUROS). No final o perigo que eles estão enfrentando passa a ser representado por seres que se assumem como divindades, e precisam de mais escravos para a construção das pirâmides. Deu pra sentir o tom de salada geral?<br /><br />Os protagonistas são <strong>Steven Strait</strong> (O PACTO), um rapaz esforçado e com físico de super-herói, porém sem o menor carisma ou empatia, <strong>Camilla Belle</strong> (O MUNDO DE JACK E ROSE), filha de uma modelo brasileira, uma garota tão linda quanto inexpressiva, e <strong>Cliff Curtis</strong> (ENCANTADORA DE BALEIAS), o mais conhecido do elenco, porém com poucas chances debaixo de uma caracterização horrorosa. Emmerich, que além da direção assina também o roteiro e a produção, não foge do que já está acostumado a fazer. E se a batalha final chega a emocionar por alguns rápidos momentos, a conclusão não poderia ser mais clichê. Se você já assistiu a todos os concorrentes ao Oscar em cartaz e quer passar duas horas no cinema com muita pipoca e refrigerante, sem pensar em mais nada, não desista: tenho certeza que irá encontrar melhores opções do que este 10.000 A.C.!<br /><br /><em>10.000 b.C.</em>, EUA/Nova Zelândia, 2008<br />(nota 4)<br /></span><br /><div></div>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-47418603371024054252008-02-07T22:22:00.000-03:002008-12-08T21:16:45.994-03:00CONDUTA DE RISCO<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyVAjHOZcpMMMklo9qo4sQS7lvbIlcx2FSvmfIQN2RRYquHGLUxJ40QabtJsrAFtuicmdavXvngSRFKKJpzGcdWT6BBwUj4-BmVDe-uxPkgEILPSpqKZylMh63T3WgDXQukjAmZg/s1600-h/conduta-de-risco.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyVAjHOZcpMMMklo9qo4sQS7lvbIlcx2FSvmfIQN2RRYquHGLUxJ40QabtJsrAFtuicmdavXvngSRFKKJpzGcdWT6BBwUj4-BmVDe-uxPkgEILPSpqKZylMh63T3WgDXQukjAmZg/s320/conduta-de-risco.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5164415514550097986" border="0" /></a><span style="font-family: verdana;">Chega a ser impressionante - e extremamente positiva - a atenção recebida por CONDUTA DE RISCO nesta temporada. Afinal, este bem-sucedido thriller sobre os bastidores do mundo dos grandes negócios e da rotina das poderosas firmas de advocacia nada mais é do que isso: um thriller, e só. Não tem pretensões mais ousadas, como ser um drama de época, um conflito de gerações, uma aventura de guerra ou um épico de imagens marcantes. É, sim, uma história interessante e muito bem contada, narrada com precisão e encenada por atores no total domínio de suas habilidades. E por que querer mais do que isso?<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Tony Gilroy</span> afirmou ter tido a idéia para CONDUTA DE RISCO enquanto pesquisava para o roteiro de O ADVOGADO DO DIABO (suspense com <span style="font-weight: bold;">Al Pacino</span> e <span style="font-weight: bold;">Keanu Reeves</span>). E, ainda segundo ele, a diferença entre os filmes está na representação do "bem" e do "mal": se no anterior estes pólos estavam marcados pelos dois protagonistas, neste novo trabalho estas manifestações convivem dentro de um mesmo homem, no caso o que dá o título original: Michael Clayton (<span style="font-weight: bold;">George Clooney</span>). Advogado frustrado, ele está "preso ao sistema". O casamento naufragou, a tentativa de negócio próprio foi à falência e não consegue abandonar o vício pelo jogo. Assim, precisa manter o emprego como "limpa-desastres" de um dos principais escritórios de Nova York. Quando ele é chamado para "consertar" as loucuras que um dos clientes da firma está cometendo, finalmente percebe o homem que se tornou e o quão difícil será superar aquela situação.<br /><br />Raras vezes um filme deste gênero consegue ir além do respeito imóvel da crítica e atingir não só o público (mais de 40 milhões de dólares só nos EUA, apesar do baixo orçamento ter ficado em torno de 25 milhões) como também se fazer presente nas premiações de final de ano. E nisso CONDUTA DE RISCO também se saiu muito bem! Além das sete indicações ao Oscar (Filme, Direção, Ator, Ator Coadjuvante, Atriz Coadjuvante, Roteiro Original e Trilha Sonora), foi indicado também nas principais categorias do Globo de Ouro e do Bafta, além de ter ganho o National Board of Review de Melhor Ator. Clooney, aliás, mostra de vez que mais do que uma celebridade, é também um dos melhores intérpretes da atualidade. Seu desempenho é muito superior ao visto no oscarizado SYRIANA (2005) ou de outros bons trabalhos dele, como SOLARIS (2002) e E AÍ, MEU IRMÃO, CADE VOCÊ? (2000). Ele está cansado, desiludido, perdido, porém não derrotado, e segue usando das ferramentas que ele mesmo ajudou a criar, com uma habilidade e eficiência inatas ao personagem. Um baita ator!<br /><br />Da mesma forma os coadjuvantes <span style="font-weight: bold;">Tom Wilkinson</span> (ENTRE QUATRO PAREDES) e <span style="font-weight: bold;">Tilda Swinton</span> (AS CRÔNICAS DE NÁRNIA), ambos indicados ao Oscar, também estão à altura de qualquer maior reconhecimento. Com apenas uma cena cada um merece todo possível elogio: o descontrole dele ou a conversa final dela com Clayton são memoráveis. E isso sem mencionar Gilroy, diretor que estréia com pé direito após alguns anos apenas como roteirista (são dele os três filmes da trilogia BOURNE). Seu controle é total, alternando momentos de tensão e um ritmo sufocante com personagens bem construídos e dotados de profundidade psicológica - nós sentimos os dilemas e as crises enfrentadas por cada um deles. Assustador!<br /><br />Provavelmente CONDUTA DE RISCO sairá da festa do Oscar sem nenhuma estatueta. Torço para estar errado, no entanto. Este não é o tipo de filme usualmente reconhecido neste ambiente. E não que isso importe. Seus méritos jão estão mais do que evidentes na tela, e é lá onde devem ser apreciados com toda a pompa e circunstância que merecem!<br /><br /><span style="font-style: italic;">Michael Clayton</span>, EUA, 2007<br />(nota 9)<br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-35824915882755012652008-01-20T19:06:00.000-03:002008-12-08T21:16:46.127-03:00EU SOU A LENDA<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyO-SrcNuDEP20D5ICLYAiidWtbBjBycgKaxPQS_iZ2tEsx7Le3VuDkIv1ALzAPagNS4SXpbpY06rT2kmWRjc9GDEtAx7K01v6XIzRtF_Ausp6mBOHVVR4BEhyphenhyphensIX9DkPEOteg7A/s1600-h/eu-sou-a-lenda.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyO-SrcNuDEP20D5ICLYAiidWtbBjBycgKaxPQS_iZ2tEsx7Le3VuDkIv1ALzAPagNS4SXpbpY06rT2kmWRjc9GDEtAx7K01v6XIzRtF_Ausp6mBOHVVR4BEhyphenhyphensIX9DkPEOteg7A/s320/eu-sou-a-lenda.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5157692324321991666" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;"><span style="font-weight: bold;">Will Smith</span> é o maior astro do cinema norte-americano. Ou alguém tem alguma dúvida disso? Se não, quem seria? <span style="font-weight: bold;">Tom Cruise</span> (que foi demitido da Paramount e teve seu último filme - LEÕES E CORDEIROS - massacrado pela crítica e ignorado pelo público?)? <span style="font-weight: bold;">Brad Pitt</span> (que conseguiu a façanha de NÃO ser indicado ao Oscar por BABEL - apesar do filme ter sido um dos campeões de indicações no ano passado; que teve seu último filme - O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD - ignorado pelo público e pela grande crítica, apesar de premiado em Veneza; ou cujo último sucesso de público foi TREZE HOMENS E UM NOVO SEGREDO, e isso porque contava com a companhia de nomes como <span style="font-weight: bold;">George Clooney</span> e <span style="font-weight: bold;">Matt Damon</span>)? Clooney? Damon? <span style="font-weight: bold;">Johnny Depp</span> (que só quer ser visto pelo espectador como Capitão Jack Sparrow em PIRATAS DO CARIBE)? Não, nenhum desses consegue bater Smith, que se dá bem não importa qual seu objetivo, se conquistar a crítica (À PROCURA DA FELICIDADE) ou o público - e o recente EU SOU A LENDA é um ótimo exemplo deste caso!<br /><br />Desde os anos 70 diferentes estúdios em Hollywood desejavam refilmar o romance de <span style="font-weight: bold;">Richard Matheson</span>, que já havia sido levado às telas anteriormente em duas ocasiões. Nomes como <span style="font-weight: bold;">Arnold Schwarzenegger</span>, <span style="font-weight: bold;">Ridley Scott</span>, <span style="font-weight: bold;">Michael Douglas</span>, <span style="font-weight: bold;">James Cameron</span>, <span style="font-weight: bold;">Guillermo Del Toro</span> e <span style="font-weight: bold;">Michael Bay</span> chegaram a estar envolvidos neste projeto, mas nenhum conseguiu ir muito adiante. Só quando o protagonista de filmes como HOMENS DE PRETO e INDEPENDENCE DAY disse "sim" é que finalmente as coisas começaram a andar. E do modo como ele decidiu: o diretor escolhido foi <span style="font-weight: bold;">Francis Lawrence</span> (CONSTANTINE) e o roteirista escalado foi o vencedor do Oscar <span style="font-weight: bold;">Akiva Goldsman</span> (UMA MENTE BRILHANTE). E tudo isso para contar a história do último homem na Terra. Que, como já adianta o cartaz, não está sozinho!<br /><br />A trama de EU SOU A LENDA começa com uma notícia fantástica - a descoberta da cura do câncer, feita por uma pesquisadora inglesa (<span style="font-weight: bold;">Emma Thompson</span>, em participação especial). O problema começa seis meses depois, quando descobre-se que esta vacina gera efeitos colaterais - um novo vírus, que acaba transformando 99% da população mundial em seres monstruosos sensíveis à luz, quase como vampiros, o que termina ocasionando a morte da grande maioria da humanidade. Os que sobrevivem estão sempre escondidos, esperando o sol se pôr para se alimentar vorazmente de animais ou dos poucos sobreviventes biologicamente imunes e, portanto, não infectados. Will é uma dessas pessoas, que por acaso vem a ser também um cientista, desde então empenhado em encontrar uma cura para este mal terrível.<br /><br />Durante dois terços do filme Will Smith está sozinho em cena, acompanhado apenas do pastor alemão Sam. E, por incrível que pareça, ele segura muito bem a atenção da platéia, nos deixando ligados em cada movimento seu, desde a nova rotina em casa até suas saídas pela cidade devastada. O perigo está em cada esquina, em cada viela escura, em cada prédio abandonado. E somos sabiamente relembrados disso a todo instante. O que não quer dizer que não sejamos pegos de surpresa a cada novo susto. No restante final da história dois outros sobreviventes imunes aparecem - entre eles, a atriz brasileira <span style="font-weight: bold;">Alice Braga</span>, sobrinha de <span style="font-weight: bold;">Sônia Braga</span> e presente em filmes como CIDADE DE DEUS e CIDADE BAIXA. E a menina se sai muito bem, assumindo sua brasilidade, porém sem estereótipos constrangedores ou um sotaque carregado.<br /><br />Não deixa de ser curioso um filme em que a grande vilã acaba sendo Emma Thompson e que o mundo é salvo graças a ajuda de uma brasileira. E, apesar desta bizarra conjectura, EU SOU A LENDA é diversão das boas, cinema-pipoca de qualidade, cheio de bons efeitos especiais, atores competentes no domínio de suas habilidades e uma trama que se não surpreende, ao menos não aborrece pela obviedade. Uma ótima pedida para esse período de férias. Basta apenas não exigir além da conta. Afinal, Smith sempre cumpre o que promete!<br /><br /><span style="font-style: italic;">I am Legend</span>, EUA, 2007<br />(nota 7)<br /><br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-32004263344388380202008-01-06T16:57:00.001-03:002008-12-08T21:16:46.356-03:00IMPÉRIO DOS SONHOS<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwVT5KygAGYct9TnbfASF0u0Q84JKzrHOkLxMtfiCCBNzvbC7dWkOu4rK0JetH8ra-7o9LVyFQaVkXOK_l9BjO35wvE_fIjEcClqRZQLR737H5XzxI6VfDtSMV0jFmlLVOmv1U8A/s1600-h/imperio-dos-sonhos.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwVT5KygAGYct9TnbfASF0u0Q84JKzrHOkLxMtfiCCBNzvbC7dWkOu4rK0JetH8ra-7o9LVyFQaVkXOK_l9BjO35wvE_fIjEcClqRZQLR737H5XzxI6VfDtSMV0jFmlLVOmv1U8A/s320/imperio-dos-sonhos.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5152455320374123410" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;">Um amigo me disse ter se sentido ofendido após as três horas de duração de IMPÉRIO DOS SONHOS, nova loucura assinada por <span style="font-weight: bold;">David Lynch</span>. Já outro afirmou ter baixado o filme pela internet logo que o encontrou disponível, e que já o tinha assistido no mínimo umas cinco vezes antes da estréia nos cinemas brasileiros (onde foi conferir novamente, apenas pelo "prazer da tela grande"). Eu, por outro lado, não sei muito o que dizer. Afinal, como criticar - para o bem ou para o mal - algo que você simplesmente não entendeu?<br /><br />E acredito também que a idéia seja exatamente esta: provocar muito mais dúvidas do que esclarecimentos. Para se ter uma idéia, durante uma entrevista a um programa de televisão, Lynch e <span style="font-weight: bold;">Laura Dern</span>, a protagonista, não conseguiram chegar a um acordo a respeito de quantos papéis ela própria interpreta no filme, se três ou quatro. Bem, se nem eles, que idealizaram o longa, conseguem se entender, o que sobra para nós, meros espectadores?<br /><br />IMPÉRIO DOS SONHOS começa com uma garota assistindo a um programa na televisão. Parece ser um sitcom - um único cenário, claquetes com risadas da platéia - em que os personagens são seres humanos com cabeças de coelhos. Logo em seguida estamos na majestosa residência de uma atriz aparentemente famosa, que está em vias de voltar ao estrelato por conseguir um papel bastante disputado. É o remake de um filme que não chegou a ficar pronto, sobre uma família polonesa assassinada. Os protagonistas do filme original morreram durante a produção, e tem-se este temor que o mesmo aconteça durante as novas filmagens. Um grupo de prostitutas também pontua algumas situações, assim como uma mulher que está contratando um detetive particular. Ah, e há também uma família que recebe uma trupe de viajantes da Europa oriental para um churrasco no jardim (!).<br /><br />Qual a relação entre todas estas histórias? Aparentemente, nenhuma. Por outro lado, talvez todas estas tramas revelem facetas de uma mesma mulher. A atriz decadente que revive o papel de uma estrela de outrora que está trazendo à vida uma sofrida dona de casa polonesa que suspeitava que o marido a estava traindo e que por isso ansiava por ter uma vida familiar tranquila e perfeita e que, pela ausência dessa realidade, imagina-se prostituindo-se em troca de um pouco de atenção e, pela inevitabilidade disto, termina de forma trágica. Ou então seria a vizinha que aparece no começo do filme a verdadeira protagonista, a imigrante da Polônia responsável por todas aquelas tragédias e que manifesta-se naquele momento para alertá-la dos perigos que estaria prestes a correr? Muitas interpretações mais certamente são possiveis, e quem se dedicar a procurar não terá dificuldades em encontrar argumentos e elementos que colaborem nestas outras posições. IMPÉRIO DOS SONHOS é uma obra literalmente aberta, e caberá ao espectador e ao seu universo de referências montar - ou não - este quebra-cabeças.<br /><br />Premiado no National Board of Review como "Melhor Filme Experimental" do ano (prêmio até então inédito) e merecedor de um prêmio especial no Festival de Veneza "pela inovação digital proposta em sua concepção", IMPÉRIO DOS SONHOS, ao contrário de outros filmes de David Lynch, praticamente não possui dentro de si chaves que possibilitem um melhor entendimento. Hermético e bizarro, se comporta como os sonhos mais confusos e problemáticos que temos, indo do pesadelo ao descanso total em questão de instantes, para depois retomar condições até então esquecidas. Dern, a grande estrela da obra, se entrega de corpo e alma à visão aparentemente desconexa do diretor, aceitando todas as propostas de forma integral. Cada mudança dela é tão intensa quanto discreta, mostrando que é no interior de cada um onde se escondem os verdadeiros medos e desejos. E quem quiser embarcar nesta viagem não deve temer os bocejos, a frustração e a incompreensão, assim como deve estar pronto para os pequenos prazeres dispostos aleatoriamente durante o desenrolar da ação. Ganha quem aceitar mais - e procurar entender menos!<br /><br /><span style="font-style: italic;">Inland Empire</span>, EUA, 2006<br />(nota 5)<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-44373129537459999462008-01-03T23:30:00.000-03:002008-12-08T21:16:46.477-03:00A BÚSSOLA DE OURO<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmWmClzALgqdLlGLk2r5Z5xktbxitDd4GtrRlIZ7ce_kknvqSjc6pPMrqk8Y1Rzohs0V7oeyd50y2dxoBcDxVNkKgJNu1PysdnmabaV0Z-919q7u2CvGgXE3nXKHP0DdQqptgUkg/s1600-h/goldencompass.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmWmClzALgqdLlGLk2r5Z5xktbxitDd4GtrRlIZ7ce_kknvqSjc6pPMrqk8Y1Rzohs0V7oeyd50y2dxoBcDxVNkKgJNu1PysdnmabaV0Z-919q7u2CvGgXE3nXKHP0DdQqptgUkg/s320/goldencompass.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5151443859870882418" border="0" /></a><span style="font-family: verdana;">Em A BÚSSOLA DE OURO, assim como em outros casos recentes (HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX, NOTAS SOBRE UM ESCÂNDALO, TROPA DE ELITE), tive a felicidade de ler primeiro o livro original antes de ver a adaptação cinematográfica. E, ao contrário do que geralmente acontece, desta ver o filme se saiu melhor do que a fonte literária - por mais incrível que isso possa parecer! Sim, porque a obra de <span style="font-weight: bold;">Philip Pullman</span>, por mais elogiada (<span style="font-style: italic;">"arrebatador e extraordinário"</span>, Sunday Times; <span style="font-style: italic;">"grandioso, força e beleza cena após cena"</span>, New York Times; <span style="font-style: italic;">"um daqueles livros que dão dor de fechar"</span>, Scotsman; e o mais exagerado, <span style="font-style: italic;">"raramente, se é que já aconteceu, foi apresentado aos leitores uma oferenda tão rica em maravilhas"</span>, Independent) e premiada (ganhador das medalhas Carnegie e Guardian de Livro do Ano) que seja, tem aspectos extremamente duros e de difícil digestão, que ao serem levados para a tela grande foram atenuados de uma forma inteligente e perspicaz. Não que tenha mudado muita coisa - a trama em si continua exageradamente trágica - mas ao menos aparenta estar mais adequada ao público ao qual se dirige.<br /><br />E que espectador seria esse, o mais indicado para assistir - e ler - A BÚSSOLA DE OURO? Bem, segundo os produtores, à princípio seriam os mesmos que ficaram maravilhados pela saga O SENHOR DOS ANÉIS - e, em menor escala, por genéricos como AS CRÔNICAS DE NÁRNIA, ERAGON ou STARDUST. Porém o enredo aqui abordado trata muito mais de política, religião e filosofia do que de aventura e emoção propriamente dita, dispostos durante o desenrolar da ação de modo irregular. Não será surpresa alguma se muitos enfrentarem as quase duas horas de projeção alternando bocejos com pulos na cadeira!<br /><br />O diretor <span style="font-weight: bold;">Chris Weitz</span> não parece ser o homem mais indicado para coordenar um filme deste gênero. Responsável pelos simpáticos AMERICAN PIE e UM GRANDE GAROTO, ele deixa bastante visível sua falta de jeito diante cenários tão grandiosos, estrelas poderosas e idéias dotadas de ambição e magnitude. Os efeitos especiais, por outro lado, não chegam necessariamente a surpreender, mantendo ao menos o bom nível de longas mais antigos que exploraram opções semelhantes - animais falantes, grandes batalhas e explosões catastróficas. Por fim temos bons atores em papéis minúsculos - <span style="font-weight: bold;">Nicole Kidman</span>, excelente, deve aparecer, se tanto, meia hora, enquanto que <span style="font-weight: bold;">Daniel Craig </span>e <span style="font-weight: bold;">Eva Green</span> não possuem mais do que 10 minutos cada um em cena. A - boa - surpresa é a garota <span style="font-weight: bold;">Dakota Blue Richards</span>, que estréia no cinema já como protagonista, cumprindo a contento suas obrigações e ainda acrescentando uma graça e um carisma dignos de quem promete muito para o futuro.<br /><br />E qual é a história, enfim, de A BÚSSOLA DE OURO? Num mundo dominado pelo "Magistério", uma entidade religiosa controladora e opressiva, poucos ambientes estão a salvo deste poder, e um deles são as universidades. E é numa das mais importantes que a menina Lyra foi entregue para ser criada. Sem saber quem são seus pais, certo dia, pouco antes de entrar na adolescência, ela é entregue para a misteriosa Sra. Coulter (Kidman), uma das mais influentes personalidades à serviço do Magistério. Ao descobrir que sua nova tutora estaria por trás do desaparecimento de dezenas de crianças, se rebela e foge. Neste mundo todos os humanos - crianças e adultos - têm sempre ao seu lado um <span style="font-style: italic;">"daemon"</span>, animais falantes que seriam, na prática, a representação material da alma. Um nunca pode ser separado do outro - um eventual afastamento teria proporções trágicas para ambos. E a ligação entre eles seria proporcionada pela existência do Pó, substância mágica que, acredita-se, seria responsável pelo "pecado original". O que o Magistério quer é descobrir um meio de acabar com o Pó - e, para isso, experiências devem ser feitas, geralmente envolvendo crianças, daemons e o fim da ligação entre eles. Com a ajuda de ciganos, de um cowboy voador, das bruxas e de um urso guerreiro, Lyra, dotada de uma bússola mágica que sempre lhe oferece a verdade independente da pergunta feita, irá ao Norte gelado para tentar por fim a esta barbaridade - e, assim, salvar seu melhor amigo!<br /><br />A BÚSSOLA DE OURO é cinemão fantástico, feito para ser assistido no cinema com muita pipoca e refrigerante. Mas também trata de temas como autoritarismo, selvageria, traições, soberba e vingança. Talvez tenha sido por causa dessa combinação pouco usual que o filme não tenha se saído tão bem quanto se esperava nas bilheterias norte-americanas - pouco mais de US$ 50 milhões de dólares em um mês em cartaz, para um orçamento de US$ 180 milhões! Nos mercados internacionais os resultados foram um pouco melhores, ultrapassando o dobro do arrecadado na terra do Tio Sam. Prejuízo provavelmente não irá gerar, mas é pouco provável que continue se apostando neste projeto para a transposição dos dois livros restantes da trilogia. Ou seja, quem permanecer no cinema terá visto um filme sem final, carente de uma conclusão que ficará ausente devido ao conservadorismo da audiência e da falta de visão de quem toma as decisões, incapazes de perceber que, em alguns casos, menos poderia gerar muito mais.<br /><br /><span style="font-style: italic;">The Golden Compass</span>, EUA/Reino Unido, 2007<br />(nota 7)<br /><br /><br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-39536595629358117972008-01-03T00:25:00.000-03:002008-12-08T21:16:46.610-03:00P.S. EU TE AMO<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8a6ozlCRN8TKNoT5zxCKBs9kSKgVkNG4yoYO9qHCTyg_h9E5VOEn8Jfh-ypnIURzRFKR6FSrGHjnVSg-uAXS6HxKF3nvZoW_McQhxHB7oqcyRvZBG4S2KpZGWTpbxd_HJ4M4JJQ/s1600-h/psiloveyou.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8a6ozlCRN8TKNoT5zxCKBs9kSKgVkNG4yoYO9qHCTyg_h9E5VOEn8Jfh-ypnIURzRFKR6FSrGHjnVSg-uAXS6HxKF3nvZoW_McQhxHB7oqcyRvZBG4S2KpZGWTpbxd_HJ4M4JJQ/s320/psiloveyou.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5151086694685514322" border="0" /></a><span style="font-family: verdana;">Existem atrizes e atrizes, boas e más. Entre as boas, há aquelas melhores, que sabem fazer praticamente tudo (como <span style="font-weight: bold;">Meryl Streep</span>, para fazer uma escolha óbvia) e outras nem tanto, que são boas somente num tipo de personagem. Neste caso está <span style="font-weight: bold;">Hilary Swank</span>. Duas vezes vencedora do Oscar de Melhor Atriz, em ambos trabalhos premiados ela interpretava personagens duros, masculinizados (a garota que queria ser rapaz em MENINOS NÃO CHORAM e a lutadora de boxe de MENINA DE OURO). Portanto, quem a conhece minimamente sabe que, com este perfil, ela, definitivamente, nada tem a ver com o universo das comédias românticas. Portanto, partindo deste consenso, não é difícil imaginar o tamanho do desastre que é este P.S. EU TE AMO.<br /><br />Swank está numa posição bastante desconfortável em Hollywood. Ela foi tão rapidamente - em menos de 10 anos - da posição de total desconhecida para a condição de uma das atrizes mais premiadas da América. Assim, ela simplesmente não pode se deixar envolver em qualquer projeto, da mesma forma que não conseguiu construir para si uma <span style="font-style: italic;">"persona"</span> no mundo do cinema, uma carreira de "tipos" com os quais ela, assim como o público e a indústria, se identificasse além dos dois mais notórios. Pequenas participações de luxo em semifracassos como O DOM DA PREMONIÇÃO (2000) e DÁLIA NEGRA (2006) pouco contribuíram, mas ainda assim causaram menos prejuízo do que as bombas que contavam com ela em personagens heróicos (O NÚCLEO, 2003) ou misteriosos (A COLHEITA DO MAL, 2007). De destaque, mesmo, somente a coadjuvante de INSÔNIA (2002), ao lado de <span style="font-weight: bold;">Al Pacino</span> e <span style="font-weight: bold;">Robin Williams</span>, e um pequeno filme inspirado numa história real e lançado diretamente em dvd no Brasil: ESCRITORES DA LIBERDADE (2007).<br /><br />Ao observarmos esta trajetória, talvez se entenda um pouco melhor o porquê de P.S. EU TE AMO. É a primeira vez que interpreta uma heroína romântica (terreno que fez a popularidade e a fortuna de estrelas como <span style="font-weight: bold;">Julia Roberts</span>, <span style="font-weight: bold;">Sandra Bullock</span> e <span style="font-weight: bold;">Meg Ryan</span>, por exemplo). E, por outro lado, está retribuindo um favor ao diretor <span style="font-weight: bold;">Richard LaGravenese</span>, responsável por este e pelo mais bem sucedido ESCRITORES. Se esse filme ele fez para ela - era um projeto pessoal dela - este mais recente atende a uma vontade de dele (e dela também, vamos combinar) de se tornar viável comercialmente. O problema é que, mesmo tendo por trás uma estratégia tão planejada, o resultado é frustrante, impossibilitando qualquer maior ambição.<br /><br />P.S. EU TE AMO já começa errado: com o casal de protagonistas, Swank e <span style="font-weight: bold;">Gerard Butler </span>(300), discutindo. Percebe-se que os dois estão juntos há mais de uma década, e estes últimos anos não foram tão bons com eles - onde foram parar os sonhos da juventude? Após corte brusco, estamos no enterro dele, e ela acredita não ter mais razão para viver. Mas um plano desenvolvido antes da morte irá ajudá-la: no dia seguinte passam a chegar pelo correio cartas dele, enviadas não sabe-se por quem, mas que lhe repassam recados de como ele via a vida, e mais importante, de como ela deve reaprender a viver. Todas estas mensagens, obviamente, assinadas com um <span style="font-style: italic;">"p.s.: eu te amo"</span>.<br /><br />Se Swank e Butler não possuem a menor química juntos, os coadjuvantes se saem ainda pior. <span style="font-weight: bold;">Lisa Kudrow </span>(FRIENDS) e <span style="font-weight: bold;">Gina Gershon</span> (A OUTRA FACE) não convencem em nenhum instante como "melhores amigas": cada uma quer aparecer mais do que a outra com tiradas cômicas superficiais, dificultando a identificação com o espectador. <span style="font-weight: bold;">Harry Connick Jr.</span> (WILL AND GRACE) e <span style="font-weight: bold;">Jeffrey Morgan</span> (GREY'S ANATOMY), ambos como prováveis candidatos ao coração da protagonista, estão desajeitados e pouco interessantes em suas intenções. Já a também oscarizada <span style="font-weight: bold;">Kathy Bates</span> parece deixar claro no mal humor de sua personagem sua insatisfação com estes papéis medíocres de "mãe de alguém" (como foi de <span style="font-weight: bold;">Matthew MacConaughey</span> em ARMAÇÕES DO AMOR). E se não há diversão do lado de lá da tela, imagina entre quem está estático sentado diante de todo este constrangimento!<br /><br /><span style="font-style: italic;">P.S. I Love You</span>, EUA, 2007<br />(nota 4,5)<br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-52645645978473732162008-01-02T00:30:00.001-03:002008-12-08T21:16:46.804-03:00O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEC20ry6GFFIwFsvXnp1iv0W4JV-G3046cIO0goZWhiMisVF5SQW2T1CioZMpM6oKVHfRJWn6uPZMkLm3MacN_ztR3qehs07Wj0MBKyWo6MQrLGDMkQja38fEeW2GXkAwzAb544g/s1600-h/amorc%C3%B3lera.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEC20ry6GFFIwFsvXnp1iv0W4JV-G3046cIO0goZWhiMisVF5SQW2T1CioZMpM6oKVHfRJWn6uPZMkLm3MacN_ztR3qehs07Wj0MBKyWo6MQrLGDMkQja38fEeW2GXkAwzAb544g/s320/amorc%C3%B3lera.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5150716575878781490" border="0" /></a><span style="font-family: verdana;"><span style="font-weight: bold;">Mike Newell</span>, diretor de O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA, afirmou, numa das entrevistas de lançamento do filme, que estaria com mais medo da reação dos fãs do romance de <span style="font-weight: bold;">Gabriel García Márquez </span>do que dos adoradores de Harry Potter. Pois esse receio tem fundamento, uma vez que a versão cinematográfica de O AMOR... é infinitamente inferior ao longa anterior dele, HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO (quarta aventura do menino bruxo criado por <span style="font-weight: bold;">J.K.Rowling</span>). Não só a direção é canhestra neste novo trabalho, como toda a composição envolvida nesta adaptação tem percalços, a despeito dos inúmeros talentos envolvidos no processo.<br /><br />A história é bastante conhecida: rapaz pobre se apaixona por menina rica e decide esperar por ela o quanto for preciso. O pai dela, ao saber do romance, a manda para o interior, para a casa de familiares. Anos depois, quando volta, afirma não sentir mais nada por ele, e acaba casando com um médico famoso. Ele não se conforma com a recusa, e em cada mulher que se envolve procura um pouco dela. Mais de 50 anos depois, quando ela fica viúva, ele reaparece, pedindo-a em casamento. Apesar da proposta ser recusada com veêmencia, aos poucos ela vai cedendo, até que o "amor eterno" dele finalmente se concretize.<br /><br />O inglês Mike Newell sabe contar histórias de amor - vide o imenso sucesso de seu filme mais elogiado, QUATRO CASAMENTOS E UM FUNERAL. O problema aqui é a vontade de se intrometer num mundo que lhe é completamente estranho - e o fato do roteiro ter sido escrito pelo sul-africano <span style="font-weight: bold;">Ronald Harwood</span> (vencedor do Oscar por O PIANISTA) não colabora muito. O que para os latinos soa ardente e sexy, na visão européia pode se transformar em caricaturesco e irônico. E é o que muitas vezes acontece, desde pequenos detalhes até mesmo na composições de personagens fundamentais. E, assim como visto em filmes como A CASA DOS ESPÍRITOS, esse "olhar estrangeiro" não será competente o suficiente para captar todas as nuances propostas pela obra original.<br /><br />O elenco internacional é um caso à parte. O espanhol <span style="font-weight: bold;">Javier Bardem </span>(MAR ABERTO) é uma escolha mais do que acertada como o protagonista Juvenal, e ele por si só já faz valer o ingresso. Cada gesto, cada manifestação de desejo, amor ou frustração ganha uma magnitude inesperada quando envolta pelo olhar deste ator fenomenal. Por outro lado, a italiana <span style="font-weight: bold;">Giovanna Mezzogiorno</span> não consegue ficar à altura dos bons trabalhos feito em seu país natal, como os memoráveis O ÚLTIMO BEIJO ou A JANELA DA FRENTE. Submissa, acaba sucumbindo tal qual sua Fermina, passando pela tela sem se fazer notar. A colombiana indicada ao Oscar <span style="font-weight: bold;">Catalina Sandino Moreno</span> (MARIA CHEIA DE GRAÇA) pouco faz com o tempo escasso que tem em cena, assim como os americanos <span style="font-weight: bold;">Liev Schreiber</span> (SOB O DOMÍNIO DO MAL) ou <span style="font-weight: bold;">Benjamin Bratt</span> (MISS SIMPATIA). Já o também colombiano John Leguizamo (MOULIN ROUGE) é um desastre: tudo bem que o pai da moça precisa deixar claro sua contrariedade quanto à atração da filha pelo pobre rapaz, mas seus exageros o fazem se assemelhar mais a um sanguinário assassino do que a um homem de posses tentando defender sua honra. Por fim, felizmente, uma boa notícia: a estréia da nossa <span style="font-weight: bold;">Fernanda Montenegro</span> num projeto hollywoodiano está acima de qualquer deslize da produção. Mesmo num papel secundário, ela injeta uma vitalidade singular e fundamental na história. Os momentos de preocupação com o filho devoto a um amor improvável até a loucura final se alternam com suavidade e total controle, mostrando que não é o tamanho do personagem que faz diferença quando há experiência e sabedoria em jogo.<br /><br />Fernandona, aliás, não é a única brasileira na equipe de O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA: o diretor de fotografia, responsável por cenas belíssimas, é <span style="font-weight: bold;">Affonso Beato</span> (que já trabalhou com <span style="font-weight: bold;">Cacá Diegues</span> e <span style="font-weight: bold;">Pedro Almodóvar</span>), enquanto que a trilha sonora ficou à cargo de <span style="font-weight: bold;">Antonio Pinto</span> (de CIDADE DE DEUS, COLATERAL e O SENHOR DA GUERRA, entre tantos outros). O trabalho deste, em conjunto com a pop star <span style="font-weight: bold;">Shakira</span>, aliás, responde pela única indicação do filme ao Globo de Ouro: Melhor Canção, para <span style="font-style: italic;">"Despedida"</span>. Um reconhecimento justo, porém muito aquém da expectativa levantada quando sua realização teve início. Estivesse passado pelas mãos de cineastas mais familiarizados com este universo, como <span style="font-weight: bold;">Walter Salles</span> ou <span style="font-weight: bold;">Alfonso Cuarón</span>, certamente o resultado teria sido muito diferente. E o fato de ser todo falado em inglês não colabora em absolutamente em nada: nem no faturamento internacional, uma vez que arrecadou menos de US$ 5 milhões nos Estados Unidos, apesar de ter custado quase 10 vezes este valor! Por fim é mais um produto multicolorido feito para turista se entreter por alguns trocados e por poucos minutos - e, dessa forma, esquecer logo em seguida, assim como todos os envolvidos em ambos os lados da tela!<br /><br /><span style="font-style: italic;">Love in the Time of Cholera</span>, EUA, 2007<br />(nota 6)<br /><br /><br /><br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-38284049330518496292007-11-05T23:46:00.000-03:002008-12-08T21:16:46.973-03:00QUERÔ<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn-GUXtOe_zjndEGy075O-Q8AhCSbm9J8nVdsQGHXYT-cqtNeQ0QL-Z25z5GpNrhS53jFGVSsyoiPqKh-bl5MWK7zfnVXLM7q8DDER_jKSOyaTrhPo73FbQJhmRMN2MCtknKT7BQ/s1600-h/quero.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5129553680050468178" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn-GUXtOe_zjndEGy075O-Q8AhCSbm9J8nVdsQGHXYT-cqtNeQ0QL-Z25z5GpNrhS53jFGVSsyoiPqKh-bl5MWK7zfnVXLM7q8DDER_jKSOyaTrhPo73FbQJhmRMN2MCtknKT7BQ/s320/quero.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;">Baseado no conto <em>"Querô - Uma Reportagem Maldita"</em>, de <strong>Plínio Marcos</strong>, QUERÔ marca a estréia na direção de um longa-metragem de ficção do até então documentarista <strong>Carlos Cortez</strong>. Amigo do dramaturgo criador de enredos clássicos da periferia paulista como <em>"Navalha na Carne"</em> e <em>"Dois Perdidos Numa Noite Suja"</em>, Cortez afirma ter sido abençoado pelo próprio Marcos, que teria confiado nele a adaptação para o cinema desta história que se aproxima de outra obra referencial dentro da cinematografia brasileira: PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO, de <strong>Hector Babenco</strong>. A diferença está no tom assumido pelo discurso, tanto dentro da trama quanto, principalmente, fora da tela, agora mais esperançoso, mesmo que continue trágico.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">'Querô' é o apelido recebido pelo menino cuja mãe prostituta se suicida banhada em querosene. Criado muito a contragosto pela dona do prostíbulo, assim que se sente 'grande o suficiente' - mas ainda uma criança! - decide fugir para tentar a vida nas ruas, sozinho. Tal decisão acaba levando-o para a Febem, onde uma experiência traumática - é currado por quase uma dezena de adolescentes - faz com que a revolta dentro dele cresça de modo incontrolável. A fuga mais uma fez se faz urgente, assim como a volta às más companhias, os amores perdidos e a carência latente.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Filmado na região de Santos, SP, QUERÔ conta com mais de 40 garotos da região nos papéis principais. Os únicos atores profissionais aparecem em pequenas participações, como <strong>Maria Luiza Mendonça</strong> (sempre entregue e visceral), como a mãe que o abandona, <strong>Ângela Leal</strong>, a dona do bordel, <strong>Aílton Graça</strong> (numa boa composição) e <strong>Milhem Cortaz</strong> (TROPA DE ELITE), como o coordenador da Febem. A história em si está nas costas dos meninos, que desempenham com louvor a função que lhes compete. Mas o maior mérito mesmo parece ter sido a escolha do protagonista, <strong>Maxwell Nascimento</strong>. Em todos os festivais que o filme participou ele acabou ganhando o prêmio de Melhor Ator! Foi assim em Brasília (ganhou ainda Melhor Roteiro, Som e Direção de Arte), no Ceará (escolhido também Melhor Filme e Edição), em Cuiabá (o grande vencedor, premiado ainda como Melhor Filme, Direção, Roteiro, Produção e Diretor de Arte) e no Paraná. Maxwell é um talento em estado bruto, que mostra na tela uma visão de si mesmo que muito provavelmente nem ele mesmo conhecesse. Palmas para o diretor e para o preparador do elenco, que o descobriram e o treinaram, e principalmente para este novo artista que se confirma com esta atuação como uma verdadeira força interpretativa.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">QUERÔ é triste, revoltante, impressionante, angustiante. É verdadeiro e também um grito de alerta. Chama atenção para um problema e uma realidade de décadas atrás que hoje, mesmo tanto tempo depois, se mostra cada vez mais caótica. Fala sobre uma questão social, mas acima de tudo sobre a própria condição humana, a necessidade de sermos alguém no mundo e de significarmos algo para um outro. E, mais do que qualquer outra coisa, sobre não estarmos sozinhos. É um grito pela vida, antes que o fim implacável se faça mais uma vez presente.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>Querô</em>, Brasil, 2006</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 8)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-69458921730573277032007-11-04T19:08:00.000-03:002008-12-08T21:16:47.088-03:00TROPA DE ELITE<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7OiZ6nGHT9bYKIXdW276bdyQmIbXPHrCowON-wLUwZcNRt6W5porCaAg_lJQXbsjtSAD3cl_5SLj_-4bPYC-GerENH0YM9PbDxdIruCl7OIzkz6QiGtlfQ4rcSKqiFnVABjam-g/s1600-h/tropa-de-elite.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5129112767297795378" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7OiZ6nGHT9bYKIXdW276bdyQmIbXPHrCowON-wLUwZcNRt6W5porCaAg_lJQXbsjtSAD3cl_5SLj_-4bPYC-GerENH0YM9PbDxdIruCl7OIzkz6QiGtlfQ4rcSKqiFnVABjam-g/s320/tropa-de-elite.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;">O filme nacional mais falado, polêmico e visto do ano, antes mesmo de chegar aos cinemas! Segundo os produtores, estima-se que cerca de 3 milhões de brasileiros viram TROPA DE ELITE em um dvd pirata, antes da estréia. Como ele já soma quase 2 milhões de espectadores pagantes em um mês em cartaz, isso dá um público total de 5 milhões, quase o mesmo de 2 FILHOS DE FRANCISCO (longa brasileiro de maior audiência nos últimos 15 anos) e superior a outros campeões, como CARANDIRU (4,5 milhões) e CIDADE DE DEUS (3,3 milhões), por exemplo. E agora, quando a poeira está finalmente baixando, a pergunta que cabe é: justifica-se todo este auê? E a resposta é: em parte.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><strong>José Padilha</strong>, após o aclamado documentário ÔNIBUS 174, percebeu que ainda havia muito a ser dito sobre a situação da violência no Brasil. Só que ele procurou um outro ponto de vista, que não o do bandido, como é mais comum. E o caminho óbvio, portanto, era a próprio polícia. E ele encontrou no livro <em>"Elite da Tropa"</em>, de <strong>Luiz Eduardo Soares</strong>, <strong>André Batista</strong> e <strong>Rodrigo Pimentel</strong>, a fonte para a origem do seu trabalho seguinte. TROPA DE ELITE não é uma adaptação, mas faz da obra literária inspiração para o discurso que queria promover. E este é, em poucas palavras: apesar de toda a corrupção, ainda há policial interessado em acabar com o crime, mesmo que os métodos empregados não sejam os mais justos.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">O filme TROPA DE ELITE tem como protagonista o Capitão Nascimento (<strong>Wagner Moura</strong>, impressionante), membro do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro), um grupo extremamente seleto e de atuação bastante forte empregado em situações de alta gravidade. Nascimento quer descansar, e para isso precisa escolher um substituto. E os dois mais prováveis para ocupar o lugar dele recém ingressaram na força, Neto (<strong>Caio Junqueira</strong>) e Matias (<strong>André Ramiro</strong>). Enquanto isso, estes vão descobrindo como são as coisas dentro de um órgão policial corrompido, ao mesmo tempo em que o BOPE estuda como garantir a segurança no morro durante a visita do Papa, tudo isso no final dos anos 90.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Apesar dos inegáveis méritos, TROPA DE ELITE não é desprovido de defeitos. E estes estão principalmente na visão simplista que promove de alguns vértices da trama, como os universitários (todos "mauricinhos" e "patricinhas" alienados com visões estereotipadas da verdade social do dia-a-dia) e os comandantes policiais (todos corruptos e poderosos, como grandes chefões da máfia que fumam charutos e comem camarões enquanto os subalternos cumprem suas ordens). Essa artificialidade prejudica um pouco uma melhor compreensão do que está sendo mostrado em cena: uma sociedade doente, que para combater um mal precisa fazer uso dele mesmo em doses ainda maiores.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Mas isso acaba sendo detalhe diante do que o filme oferece: atuações entregues e viscerais, uma direção no total domínio de suas ambições, uma edição precisa e vertiginosa, tudo funcionando de acordo com um roteiro amarrado e objetivo. TROPA DE ELITE talvez acabe entrando para a História do cinema nacional por outros motivos (a pirataria, a violência), mas merece um espaço também destinados às grandes produções nacionais, qualitativamente falando. Não entre os primeiros, mas certamente numa posição muito bem colocada.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>Tropa de Elite</em>, Brasil, 2007</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 8)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-3462743616298179172007-09-30T19:47:00.001-03:002008-12-08T21:16:47.181-03:00THE BUBBLE<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis45C0hCGwAYZMQmezGfLngcKe6DdI8DLPno8mDW_EM8iasyfwDRrgxO-tdES2eymIOeuGXhyphenhyphenzRMBLAQTxe2MCKH-Kjr9tKSl52KW9EqUsjn3Q3LsM5FJLdKARm-1aKUSNxGu3Xw/s1600-h/the+bubble.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5116132686276613186" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis45C0hCGwAYZMQmezGfLngcKe6DdI8DLPno8mDW_EM8iasyfwDRrgxO-tdES2eymIOeuGXhyphenhyphenzRMBLAQTxe2MCKH-Kjr9tKSl52KW9EqUsjn3Q3LsM5FJLdKARm-1aKUSNxGu3Xw/s320/the+bubble.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;">T</span><span style="font-family:verdana;">ocante e cruelmente verdadeiro. Assim pode ser definido THE BUBBLE, longa dirigido pelo israelense <strong>Eytan Fox</strong>, o mesmo de YOSSI & JAGGER (que, no Brasil, recebeu o absurdo título DELICADA RELAÇÃO). O filme é um "<em>Romeu e Julieta</em>" gay entre um morador de Tel Aviv e um palestino que está ilegalmente na cidade israelita. Os dois se apaixonam quase que instantaneamente, mas a relação entre eles tem tudo para não dar certo: a distância geográfica, os conflitos políticos e religiosos, a pressão familiar, as rígidas regras da sociedade. O modo como cada um irá tentar e conseguir - ou não - superar estas dificuldades é que faz desta jornada cinematográfica uma experiência tão gratificante. </span><br /><br /><span style="font-family:Verdana;">Tel Aviv é conhecida como "<em>A Bolha</em>" justamente por sua habilidade de reproduzir entre seus habitantes uma vida minimamente normal, mesmo estando situada bem no centro de um verdadeiro caos político-religioso-social. E bem no meio deste "universo paralelo" moram juntos, no mesmo apartamento, Noam (<strong>Ohad Knoller</strong>, de DELICADA RELAÇÃO), um vendedor de discos, Yelli (<strong>Alon Friedman</strong>), que ganha a vida como gerente de um café, e Lulu (<strong>Daniela Virtzer</strong>), vendedora de cosméticos. A história começa no último dia de serviço militar de Noam, quando ele encontra, pela primeira vez, Ashraf (<strong>Yousef "Joe" Sweid</strong>), um rapaz que tentava cruzar a fronteira. Já em casa, feliz por estar de volta ao lado dos amigos, é surpreendido quando bate a sua porta justamente Ashraf, que está à procura de um lugar para ficar. Os dois acabam conversando, se entendendo, e o que começou como um flerte se transforma num abrigo político, para só depois virar romance.</span><br /><br /><span style="font-family:Verdana;">O mais interessante em THE BUBBLE é como, apesar da aparente previsibilidade da trama, somos impactados com cada nova situação do enredo. E também com a capacidade do diretor em combinar, de forma tão delicada, extremos até então inconcebíveis: guerra e amor gay, protesto e <strong>Bebel Gilberto </strong>(a cantora brasileira é constante na trilha sonora), respeito às tradições e raves com música eletrônica, a vida num grande e moderno centro urbano com costumes históricos. E o maior mérito aqui são os próprios personagens, todos dotados de vida, sentimentalmente profundos, verossímeis em suas intenções e iniciativas. Os diálogos soam naturais e envolventes, conduzindo o espectador ao lado dos acontecimentos, que deste modo adquirem nova importância diante nossos olhos. </span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">THE BUBBLE é um filme que, mais do que assistido e reverenciado, merece ser sentido, da forma mais íntima que a expressão pode ter. E se o final incomoda, é justamente por ser absurdamente real. Não é um romance hollywoodiano de conto de fadas e cor de rosa - é, sim, o amor duro e contemporâneo, que surge mesmo nas condições mais improváveis, e que apesar de tudo luta para encontrar seus meios de expressão. Mesmo que estes não sejam os mais razoáveis, são, porém, os únicos naquele horizonte. E se merecem ser alterados, cabe a cada um a responsabilidade pelo mundo em que vivemos e pelo estado em que ele se encontra. Afinal, intolerância não é explicitada só em grandes atos ou decisões, mas principalmente dentro de nossas casas, no calor da cama e quando estamos mais entregues do que nunca. Justamente quando somos mais verdadeiros.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>The Bubble</em>, Israel, 2006</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 8,5)</span><br /><span style="font-family:times new roman;"><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-24413948651546338542007-09-23T21:32:00.001-03:002008-12-08T21:16:47.305-03:00HAIRSPRAY<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiTYksvzp7Z2uvoOv2XR5KJDKx_yR4rv6AndKB919h9tgMhtjiHCkvqJKY1vdysEl8JjhyphenhyphenmW3ZpQ-yuNfUza6whMyhrEbH_4e_Kgugmutv0P6KMa9klowSTlcWOHWiNkH8G0F2iQ/s1600-h/hairspray.gif"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiTYksvzp7Z2uvoOv2XR5KJDKx_yR4rv6AndKB919h9tgMhtjiHCkvqJKY1vdysEl8JjhyphenhyphenmW3ZpQ-yuNfUza6whMyhrEbH_4e_Kgugmutv0P6KMa9klowSTlcWOHWiNkH8G0F2iQ/s320/hairspray.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5113562268101444002" border="0" /></a><span style="font-family: verdana;">O que há de errado em HAIRSPRAY - EM BUSCA DA FAMA? Absolutamente nada! O filme é absurdamente perfeito! A direção generosa, as atuações dedicadas do elenco, a trilha sonora criativa e envolvente, a direção de arte colorida e esfuziante... tudo funciona à perfeição! E sempre é um prazer inegável quando um projeto cercado de tantas expectativas termina por cumpri-las à contento, satisfazendo desde os fãs mais ardorosos até os simples curiosos.<br /><br />Para se entender um pouco desta história é preciso estar por dentro de suas origens. <span style="font-weight: bold;">John Samuel Waters Jr.</span>, quando adolescente, tinha como uma de suas maiores diversões assistir a um programa musical vespertino que era uma verdadeira febre entre os jovens da Baltimore dos anos 60. E ele estava sempre acompanhado do seu melhor amigo, <span style="font-weight: bold;">Harris Glen Milstead</span>. Décadas se passaram e, lá pela metade dos anos 80, o garoto já havia crescido e era conhecido somente como <span style="font-weight: bold;">John Waters</span>, cineasta. E foi nesta época que ele resolveu fazer um filme quase autobiográfico, chamando para ser um dos protagonistas aquele mesmo amigo, que agora era um travesti que atendia pelo nome de <span style="font-weight: bold;">Divine</span>! O nome do longa era HAIRSPRAY - E ÉRAMOS TODOS JOVENS, usando os cabelos estáticos para falar sobre a necessidade de se adaptar aos novos tempos, do preconceito contra os "diferentes" e da mudança de pensamento que os jovens estavam causando na sociedade.<br /><br />Sucesso no circuito alternativo, o HAIRSPRAY que chegou às telas em 1988 acabou inspirando uma versão musical, levada à Broadway em 2002 com um impressionante retorno de público e de crítica - foram 13 Tonys (o Oscar do teatro norte-americano) conquistados! E, numa trajetória semelhante a que aconteceu com OS PRODUTORES (1968 / 2001 / 2005), HAIRSPRAY volta às telas, porém totalmente remodelado e na mesma versão dos palcos! O bom resultado se repetiu mais uma vez: mais de US$ 114 milhões arrecadados nas bilheterias só nos EUA, além de 93% de aprovação no Rotten Tomatoes (em 184 críticas, apenas 13 falaram mal do filme)! Já premiado como Melhor Elenco no Hollywood Film Festival, com certeza deve causar impacto nas escolhas do final do ano, especialmente no Oscar e no Globo de Ouro!<br /><br />E qual a história de HAIRSPRAY? Bom, a trama começa com duas colegas de escola saindo correndo da aula para não perder o início do <span style="font-style: italic;">The Corny Collins Show</span> - programa de tv que mostra as últimas músicas e danças que fazem a cabeça da garotada, além de ser patrocinado por um spray de cabelos que dita a moda entre a juventude! Neste dia elas descobrem que vai abrir uma vaga no show, e a mais gordinha das duas resolve fazer um teste. No dia da prova ela não só é recusada pela produtora megera - e mãe de uma das dançarinas - como se envolve numa questão racista. É que uma vez por mês o programa apresenta o <span style="font-style: italic;">"Negro Day"</span>, um dia que que tanto os dançarinos quanto o próprio apresentador são substituído por negros, que mostram o "outro lado da música das ruas". A menina acredita que <span style="font-style: italic;">"todos os dias deveriam ser como o 'Negro Day'"</span>, ou seja, que não deveria haver esta separação racial, e que os números performáticos merecem ser integrados. Ao mesmo tempo em que isso assusta os produtores do programa, agrada o público, que começa a votar nela para ser a próxima "Miss Teen Hairspray"!<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Adam Shankman</span>, diretor de comédias constrangedoras como DOZE É DEMAIS 2 e OPERAÇÃO BABÁ (ambas de 2005), disse que HAIRSPRAY é o seu <span style="font-style: italic;">"primeiro filme de verdade"</span>! Sim, porque ele foi um premiado coreógrafo da Broadway, levado meio que ao acaso para o cinema. E agora finalmente pode mostrar tudo o que sabe, revelando um potencial inusitado! Ele não só conduz a história com respeito, cuidado e sabedoria, como prepara cada momento com precisão, desde a entrada de personagens chaves (Velma von Tussle, Edna Turnblad, Motormouth Maybelle) até o momento clímax de cada um, todos donos de no mínimo um grande número musical. As letras de <span style="font-weight: bold;">Marc Shaiman</span> e <span style="font-weight: bold;">Scott Wittman</span> não só contribuem decisivamente no desenvolvimento do enredo, como também são dotados de carisma, inteligência e uma fina ironia. E, claro, são totalmente harmoniosas, daquelas que grudam e nos fazem sair cantarolando após o término da sessão!<br /><br />Já o elenco é, por si só, um mérito à parte! A começar pela protagonista <span style="font-weight: bold;">Nikki Blonski</span>, uma desconhecida que até pouco tempo atendia numa sorveteria em Nova York! A menina é surpreendente, desempenhando a maioria das canções com uma desenvoltura de profissional, simpática e com ótima voz! Já <span style="font-weight: bold;">John Travolta</span>, como a mamãe Edna, é outro espanto! Mesmo sob uma roupa de treze quilos ele consegue dotar sua personagem de uma leveza e delicadeza singular. <span style="font-weight: bold;">Michelle Pfeiffer</span> marca sua volta às telas - após 5 anos afastada - em grande estilo, compondo uma vilã memorável. <span style="font-weight: bold;">Queen Latifah</span> faz muito mais aqui do que em CHICAGO (2002), outro musical que lhe rendeu uma indicação ao Oscar! <span style="font-weight: bold;">Zac Efron</span> mostra que o fenômeno alcançado em HIGH SCHOOL MUSICAL talvez não seja passageiro - ele sabe dançar, cantar e encantar! <span style="font-weight: bold;">James Marsden</span> (X-MEN) comprova uma experiência de anos nos palcos da Broadway, enquanto que <span style="font-weight: bold;">Christopher Walken </span>mostra mais uma vez porque é um dos atores mais requisitados de Hollywood! Se ele é bom até quando está num filme ruim, imagina neste, que é ótimo?<br /><br />HAIRSPRAY - EM BUSCA DA FAMA é envolvente, empolgante, colorido, agitado e divertido. Mas, ao mesmo tempo, é sério, crítico, politicamente engajado e consciente de suas responsabilidades e possibilidades. Um feito raro: uma obra que faz pensar enquanto entretém com muita garra. Um filme para ser visto e revisto, analisado com cuidado e usado como referência futura. Quem disse que algo "leve" deve ser leviano? O que temos aqui é justamente o contrário. Afinal, como diz o próprio slogan da produção, <span style="font-style: italic;">"se você quer ser grande é preciso pensar grande"</span>! E aqui todos pensaram "grande" na medida exata!<br /><br /><span style="font-style: italic;">Hairspray</span>, EUA, 2007<br />(nota 10)<br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-78821958913314898422007-09-22T00:35:00.000-03:002008-12-08T21:16:47.457-03:00SANTIAGO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDVkDgUSe0cAVvN7tGvS-msS8L3AQb13k8ZeT-nKWe0Gkrlz-wBsXFEcA8jW2wKyMgJgR8lXXfVYw3m51B-ftGbL74t2Y2kSkjNyz9pwEk_6V3iplWVF0jq0RrB8QoTisQ5sXiiQ/s1600-h/santiago.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5112867269378507154" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDVkDgUSe0cAVvN7tGvS-msS8L3AQb13k8ZeT-nKWe0Gkrlz-wBsXFEcA8jW2wKyMgJgR8lXXfVYw3m51B-ftGbL74t2Y2kSkjNyz9pwEk_6V3iplWVF0jq0RrB8QoTisQ5sXiiQ/s320/santiago.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;"> Um filme feito a partir da idéia de se fazer um filme. Assim é SANTIAGO, documentário de <strong>João Moreira Salles</strong>, o mesmo diretor de NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR, NELSON FREIRE e ENTREATOS. Agora, ao invés de tratar do caos social do país, de um dos maiores exponentes da cultura nacional ou de realizar uma crônica política, ele faz uso de uma iniciativa inacabado para tentar iluminar uma discussão filosófica a respeito do ofício que desempenha, de sua arte e da própria existência. E o resultado é arrebatador.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">O projeto "Santiago - O Filme" começou em 1992, quando o diretor tinha apenas 30 anos. A idéia era retratar a vida e as idéias do mordomo da família Salles, um tipo de homem que não mais existe nos dias de hoje - dedicado ao trabalho, à honra, aos detalhes, à etica e às belas artes. Joãozinho - como o cineasta era chamado por <strong>Santiago</strong> - entrevistou seu personagem durante cinco dias e depois, já diante deste material, chegou à conclusão de que não tinha ali um filme como imaginara. Tudo que fora captado acabou deixado de lado, para ser redescoberto 13 anos depois, em 2005. João Moreira, mais experiente e com uma carreira consolidada, conseguiu exercer um novo olhar sobre aqueles depoimentos, editando uma obra que transcende a proposta inicial. SANTIAGO não fala de um homem em extinção, e sim de uma reflexão sobre nostalgia e a arte de contar histórias.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Com este novo foco, o diretor consegue perceber fatos imprescindíveis que até então estavam escondidos. Como a natureza daquele que dá título ao filme: quem havia conversado com ele anos atrás não fora o "homem" Santiago, e sim o Santiago "mordomo". Era uma relação patrão-empregado que estava em cena, o que comprometera o resultado daquela época. Hoje, mais crítico, ele consegue driblar estas limitações, fazendo uso delas para uma análise das próprias estruturas de poder. Assim, aproveita-se do fazer cinematográfico para discutir servilismo, cultura, sociedade e até mesmo política, mas sempre através de um viés contemplativo, mais no campo das idéias do que da prática. E esta se faz presente no filme apresentado, que por si só fala alto o suficiente.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Com uma bela fotografia em preto e branco de <strong>Walter Carvalho</strong> (de CENTRAL DO BRASIL e co-diretor de CAZUZA - O TEMPO NÃO PÁRA) e montagem discreta de <strong>Eduardo Escorel</strong> (de CABRA MARCADO PARA MORRER e DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA), SANTIAGO é o ponto mais alto da carreira de João Moreira Salles enquanto realizador cinematográfico. Moço bem educado de família rica, ele consegue se distanciar de suas origens para se transmutar num espectador da decadência social e artística, oferecendo um infinitude de opções para serem discutidas durante este processo de descoberta. Há aqui uma lição de vida a ser aprendida e estudada, mas mais do que isso está em questão um assunto de extrema relevância: a nossa própria revelação enquanto espectadores do mundo, e como tudo que está a nossa volta pode adquirir múltiplos significados, bastando para isso a definição da sintonia que estes fatos, pessoas e objetos estabelecem com nosso acervo pessoal e histórico. SANTIAGO é vida, e como tal está em constante mudança. E por isso mesmo que seus méritos são tão evidentes.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>Santiago</em>, Brasil, 2007</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 9)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-53706364791067617552007-09-21T00:36:00.000-03:002008-12-08T21:16:47.607-03:00EU OS DECLARO MARIDO E... LARRY!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjja4iFyZ-FqP1a_Qou_iH5ovOa3cKBH3ljpKBnBazjfS2CLXAGr0K385kiup8c81mZVnec5j-SrMyVxitzHlSakW6asP14DitKKFoIYzxGfhCaZr3SfmhsBdg7e6wF2_YuMGHr2g/s1600-h/chuck+%26+larry.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5112496768319684978" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjja4iFyZ-FqP1a_Qou_iH5ovOa3cKBH3ljpKBnBazjfS2CLXAGr0K385kiup8c81mZVnec5j-SrMyVxitzHlSakW6asP14DitKKFoIYzxGfhCaZr3SfmhsBdg7e6wF2_YuMGHr2g/s320/chuck+%26+larry.jpg" border="0" /></a> <span style="font-family:verdana;">EU OS DECLARO MARIDO E... LARRY! tinha tudo para ser o filme mais homofóbico e preconceituoso do ano. Afinal, a trama não é das mais "iluminadas". Senão, veja bem: dois bombeiros - uma das profissões que mais "povoam" o imaginário gay - decidem se casar, apesar de serem heterossexuais, apenas para que um deles consiga benefícios do governo. Como são vítimas de suspeita, precisam fingir que são homossexuais apaixonados, abusando de todos os clichês e estereótipos do gênero. Sim, está tudo lá, por mais previsível e bizarro que possa parecer. Mas, mesmo assim, o resultado não é dos piores, e no final o que acaba prevalecendo é a mensagem de tolerância e respeito, uma discussão sempre saudável de ser levantada.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">O maior medo nem era o tema em si, mas nas mãos de quem ele estava depositado. Afinal <strong>Adam Sandler</strong> - assim como <strong>Jim Carrey</strong> ou <strong>Will Farrell</strong>, por exemplo - pode até ser um bom ator em projetos "sérios" (como no surpreendente EMBRIAGADO DE AMOR), mas o humor que emprega nas comédias é, via de regra, escrachado, pastelão e ofensivo. Este mesmo tom também se faz presente aqui, mas de modo muito mais leve, e ainda assim dentro de um propósito, visando a transformação dos protagonistas.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Sandler faz o machão conquistador que teve sua vida salva em trabalho pelo colega e por isso acaba aceitando o pedido maluco. <strong>Kevin James</strong> (HITCH - CONSELHEIRO AMOROSO) é viúvo e com duas crianças para criar. Como não está conseguindo incluir os filhos no plano de saúde, descobre que a maneira mais fácil para que isso aconteça é se casando novamente - e daí a idéia de chamar o amigo. Já a estonteante <strong>Jessica Biel</strong> (O ILUSIONISTA) é a advogada chamada para ajudá-los na defesa, ao mesmo tempo que, mesmo sem saber, estará atrapalhando os planos dos dois, já que vira objeto de desejo do mais assanhado. Aos poucos o falso casal gay vai se envolvendo no mundo gls, e neste processo se vê - e juntamente o espectador - superando as falsas idéias pré-concebidas, descobrindo uma nova realidade e adquirindo uma sensibilidade até então insuspeita.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Se <strong>Dennis Dugan</strong> provavelmente nunca será um diretor de renome (é responsável por filmes como O PAIZÃO e OS ESQUENTA-BANCOS) e os dois protagonistas não inspiram muito respeito, há três outros nomes que nos fazem repensar qualquer opinião apressada sobre EU OS DECLARO MARIDO E... LARRY!. Primeiro é o do roteirista <strong>Alexander Payne</strong>, vencedor do Oscar por SIDEWAYS - ENTRE UMAS E OUTRAS e diretor de obras elogiadas como AS CONFISSÕES DE SCHMIDT e ELEIÇÃO. Ele é o principal crédito por trás do enredo do filme, tendo escrito a maioria dos diálogos e o argumento inicial. Isso indica a natureza da trama, que mesmo coberta por piadas rápidas e visuais, é dotada de uma profundidade razoável. E por fim tem-se a dupla <strong>Richard Chamberlain</strong> (ator de PÁSSAROS FERIDOS) e <strong>Lance Bass</strong> (cantor do grupo N'Sync), duas celebridades que há pouco se assumiram como homossexuais e atualmente são ativistas gls. Suas participações são pequenas, mas elas certamente não teriam se envolvido neste projeto caso considerassem ofensivo e contrário a uma causa que tanto defendem.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">E, acima de tudo, é importante ter algo em mente: EU OS DECLARO MARIDO E... LARRY! é uma comédia feita para grandes públicos. Assim sendo, é até louvável perceber como consegue escapar da superficialidade que impera neste gênero, mesmo que atingindo suas intenções originais. Tanto que somou mais de US$ 117 milhões somente nas bilheterias norte-americanas. E se o sucesso popular estiver acompanhado de uma lampejo de mensagem contra a discriminação e a favor das diferenças, já é ótimo. Mesmo que seja com a cara do Adam Sandler à frente do elenco!</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>I Now Pronounce You Chuck and Larry</em>, EUA, 2007</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 6)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-24409722562751169592007-09-20T00:27:00.000-03:002008-12-08T21:16:47.821-03:00O ULTIMATO BOURNE<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkiMIxJz-kz312BODeYOvyTAHVuTB31KQjOgGsh5FTJBxX_5FBUD9H_HZgAvkiTj6K8BybNa67EBDV5s9eteaiJ_zmvHGXxCzjCILzfRXrHWzcZQviOTECiIHQei-KZsi0tLPNww/s1600-h/bourne.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5112122982891175090" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkiMIxJz-kz312BODeYOvyTAHVuTB31KQjOgGsh5FTJBxX_5FBUD9H_HZgAvkiTj6K8BybNa67EBDV5s9eteaiJ_zmvHGXxCzjCILzfRXrHWzcZQviOTECiIHQei-KZsi0tLPNww/s320/bourne.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;"> <strong>Matt Damon</strong> é um dos mais improváveis astros do cinema hollywoodiano. O cara penou anos como coadjuvante em comédias bobinhas até emagrecer muito quilos e ser notado numa pequena participação em CORAGEM SOB FOGO (1996). Depois vieram trabalhos com diretores conceituados, como <strong>Francis Ford Coppola</strong> (O HOMEM QUE FAZIA CHOVER, 1997) e <strong>Steven Spielberg</strong> (O RESGATE DO SOLDADO RYAN, 1998), até a consagração em GÊNIO INDOMÁVEL (1997), de <strong>Gus Van Sant</strong>, pelo qual concorreu ao Oscar de Melhor Ator e levou a estatueta dourada na categoria de Melhor Roteiro Original. Desde então, nesta última década ele vem alternando obras engajadas (SYRIANA, O BOM PASTOR), desempenhos elogiados (OS INFILTRADOS, O TALENTOSO RIPLEY), campeões de bilheteria (a trilogia ONZE HOMENS E UM SEGREDO) e alguns percalços (LIGADO EM VOCÊ, OS IRMÃOS GRIMM). Mas o melhor dele - atuação, carisma, empenho - pode ser encontrado apenas em três filmes: a trilogia BOURNE, composta por este ULTIMATO e pelos anteriores IDENTIDADE (2002) e SUPREMACIA (2004).</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Se no primeiro filme fomos apresentados a um espião secreto desmemoriado que buscava salvar sua pele de assassinos profissionais e no segundo presenciamos o início da luta por vingança, agora ele está mais perto do que nunca da sua própria história, relembrando fatos cruciais e prestes a revelar os culpados pelo destino trilhado até este momento. O melhor é que esta é uma série absurdamente concisa. Cada episódio foi feito, pensado e elaborado separadamente um do outro, e em alguns casos não tendo nada além do título como semelhança aos livros originais de <strong>Robert Ludlum</strong>. E, mesmo assim, tudo faz muito sentido! É um material novo, sintonizado com a modernidade, ágil e muito bem realizado. <strong>Doug Liman</strong> (SR. E SRA. SMITH) dirigiu o primeiro filme e produziu os dois seguintes, que tiveram como diretor <strong>Paul Greengrass</strong>, indicado ao Oscar neste ano por VÔO UNITED 93. Os dois delinearam um caminho muito seguro, e tudo segue exatamente de acordo com o proposto, mesmo que nunca previsível ou corriqueiro: inovação e ousadia são palavras-chave na produção, e quem mais ganha é o espectador.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Tramas como agentes secretos são quase um subgênero dentro do cinema norte-americano. Mas poucos são tão sérios e, ainda assim, empolgantes quanto os filmes BOURNE. Tudo que Jason Bourne (Damon, encarnando com precisão o personagem, por mais surpreendente que isto possa parecer) faz, suas atitudes e decisões, são absolutamente naturais e convincentes, como se estivéssemos refletindo cada novo problema ao lado dele. Os traumas que ele enfrenta, os perigos superados e as conquistas almejadas são vivenciadas pela platéia em igual intensidade, tornando cada filme uma jornada única.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">O ULTIMATO BOURNE é, sem sombra de dúvida, o melhor blockbuster da temporada de férias nos Estados Unidos. HOMEM-ARANHA 3, PIRATAS DO CARIBE 3, SHREK 3, TREZE HOMENS E UM NOVO SEGREDO, QUARTETO FANTÁSTICO 2, HARRY POTTER 5, DURO DE MATAR 4.0, TRANSFORMERS, OS SIMPSONS, RATATOUILLE... alguns foram mais bem sucedidos do que outros, mas em geral todos acabaram decepcionando em algum ponto. Com exceção deste aqui, perfeito em praticamente todos os quesitos. Com um elenco coadjuvante impressionante (<strong>Joan Allen</strong>, <strong>David Strathairn</strong>, <strong>Albert Finney</strong>, <strong>Julia Stiles</strong>, <strong>Daniel Brühl</strong>, <strong>Scott Glenn</strong>, <strong>Paddy Considine</strong>), um diretor plenamente consciente de sua história e das possibilidades à disposição e um protagonista em sua melhor forma, este BOURNE 3 consegue combinar entretenimento, lógica, inteligência e diversão como poucos. Um mérito cada vez mais raro, e que merece ser reconhecido.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>The Bourne Ultimatum</em>, EUA, 2007</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 9)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-61807993043132601952007-09-18T23:21:00.001-03:002008-12-08T21:16:47.969-03:00CIDADE DOS HOMENS<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx8Iu0CzXv317zUHqr5gmj7kO2pEc5FbN3NOHqojeTKf8ACAlryKE52HA_BoEoChuawUwvd5a_BYLzZtokWQvqyX5AItI-GsNOAp3ooTcaQKPMpS35SQ8lAYsmAvOar-50hw5FyQ/s1600-h/cidade-dos-homens.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx8Iu0CzXv317zUHqr5gmj7kO2pEc5FbN3NOHqojeTKf8ACAlryKE52HA_BoEoChuawUwvd5a_BYLzZtokWQvqyX5AItI-GsNOAp3ooTcaQKPMpS35SQ8lAYsmAvOar-50hw5FyQ/s320/cidade-dos-homens.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5111734893941275794" border="0" /></a><span style="font-family: verdana;">Uma das maiores - e mais bem-sucedidas - sagas do cinema brasileiro chega ao fim com CIDADE DOS HOMENS. Porém, ao contrário do que muitos possam pensar, este filme não é continuação de CIDADE DE DEUS, e sim o ponto final de um projeto que começou antes ainda, em 2002, com o curta PALACE II. Este projeto apresentou pela primeira vez os personagens Acerola (<span style="font-weight: bold;">Douglas Silva</span>) e Laranjinha (<span style="font-weight: bold;">Darlan Cunha</span>), dois garotos favelados. As histórias por eles protagonizadas continuaram na série de tv <span style="font-style: italic;">"Cidade dos Homens"</span>, que teve quatro temporadas de excelente retorno crítico e de audiência na Rede Globo, e se encerra agora na tela grande. E ao contrário do que se poderia supor, o que temos em cena não é um episódio alongado, mas sim uma trama independente e relevante, que merecia ser contada numa mídia mais específica, concluindo em alto estilo esta epopéia.<br /><br />Se PALACE II (dirigido por <span style="font-weight: bold;">Fernando Meirelles</span> e <span style="font-weight: bold;">Kátia Lund </span>e roteirizado por <span style="font-weight: bold;">Bráulio Mantovani </span>e <span style="font-weight: bold;">Paulo Lins</span>, a mesma equipe por trás de CDD) serviu como um laboratório ao aclamado longa de Meirelles - que somou em sua excepcional carreira quatro indicações ao Oscar, mais de três milhões de espectadores no Brasil e cerca de US$ 27 milhões de dólares de arrecadação mundial nas bilheterias - foi somente com o este desdobramento - o próprio <span style="font-style: italic;">"Cidade dos Homens"</span>, seja no cinema, seja na televisão - que algumas questões mais íntimas e urgentes desse microcosmo puderam ser melhor trabalhadas. Proporcionando, deste modo, um olhar mais complacente e, ao mesmo tempo, crítico.<br /><br />CIDADE DOS HOMENS, o filme, traz ao centro da discussão um dos temas mais caros e recorrentes dentre a população enfocada: a ausência paterna. Enquanto Acerola está aprendendo a ser pai logo aos 18 anos, Laranjinha recebe a maioridade com uma inquietação: quem é - ou foi - seu pai? Os dois, amigos desde a infância, tentaram juntos aprender como responder estas inquietações. O fato de termos acompanhado a evolução dos dois personagens é extremamente gratificante, pois se crescemos ao lado deles, melhor compreendemos as motivações que os guiam. E para isto não se faz necessário ter assistido a tudo já produzido com eles: o uso de flashbacks pelo enredo é muito bem articulado, colocado em momentos cruciais e sem exploração. O excelente arquivo natural é posto à serviço do roteiro, contribuindo positivamente para todos os envolvidos.<br /><br />Fernando Meirelles, após o sucesso internacional de CDD, tem se envolvido cada vez mais em projetos hollywoodianos, como o elogiado O JARDINEIRO FIEL e o ainda inédito BLINDNESS. Assim, ele assume como produtor, abrindo espaço para o sócio dele na produtora O2, <span style="font-weight: bold;">Paulo Morelli</span> (VIVA VOZ), tomar conta da direção de CIDADE DOS HOMENS. A transferência de mão pouco se sente, e o resultado apresentado é muito satisfatório. O que carece em CDH é a ambição, ousadia, originalidade e, acima de tudo, ineditismo presente no filme anterior, que provocou outros olhares, opiniões e reflexões sobre o cinema feito no Brasil. Este novo filme não quer traçar um painel grandioso sobre um problema social - não, a vez agora é de narrar o que acontece a dois moradores daquele universo, propondo uma visão mais íntima e, ainda assim, universal.<br /><br />CIDADE DOS HOMENS não é o melhor filme do ano. Não é inesquecível ou revolucionário. Mas é um alento dentro de uma temporada de poucas surpresas. E, acima de tudo, é um trabalho honesto e sincero, que cumpre com honra o que se propõe, se posicionando como mais uma peça dentro de um contexto maior e que está firmado no cenário cinematográfico nacional. Sua ascendência é intimidante, mas ninguém aqui ficou aquém do esperado, e o que temos é uma obra singular, competente e digna de méritos próprios.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Cidade dos Homens</span>, Brasil, 2007<br />(nota 8)<br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-63411475053729864472007-09-18T00:48:00.000-03:002008-12-08T21:16:48.308-03:00OS SIMPSONS, O FILME<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-J5Y2o56HGY1trr1DU_zeqHsl082rpZClFzXjct1UbtFejYfWy7v07FCxck8L59UvXOQp96NtAr2Qt5v1C7UIxhjWuQ04KHvJ26qBMtMk-46zg5hvQjwIeQtOYMCkPicTNOPhIA/s1600-h/TheSimpsonsMovie.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-J5Y2o56HGY1trr1DU_zeqHsl082rpZClFzXjct1UbtFejYfWy7v07FCxck8L59UvXOQp96NtAr2Qt5v1C7UIxhjWuQ04KHvJ26qBMtMk-46zg5hvQjwIeQtOYMCkPicTNOPhIA/s320/TheSimpsonsMovie.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5111387636560968242" border="0" /></a><span style="font-family: verdana;">A idéia de um longa-metragem com Os Simpsons, adaptando para a tela grande os personagens que há quase duas décadas reinam absolutos na telinha como uma das mais inteligentes, populares e sarcásticas animações para adultos e crianças dos 8 aos 80 anos, era, no mínimo, uma aposta arriscada. Afinal, por quê levar para outra mídia algo que já tinha sucesso comprovado num campo específico? Mas, como no mundo do entretenimento global a palavra de ordem é a "interação", as múltiplas associações possíveis para aumentar o potencial de todo produto bem sucedido, essa transposição era quase inevitável. O bom, portanto, é notar que ela foi feita com o menor ruído possível, e o resultado é tão bom quanto um dos melhores episódios da série na televisão.<br /><br />Aliás, OS SIMPSONS, O FILME nada mais é do que um destes episódios, digamos, "vitaminado" - o que, por sinal, só conta a favor! Assim, os melhores elementos do seriado são potencializados. A trama começa com uma aposta estúpida entre Homer (o pai) e Bart (o filho) que termina com o mais velho adotando um porco como animal de estimação. Apesar dos protestos de Lisa (a filha) e da promessa que fez à Marge (a esposa), ele acaba jogando as sujeiras do bicho no lago municipal, causando um desastre ecológico. Para conter o problema o presidente Arnold Schwarzenegger, por meio de um assessor muito mal intencionado, decide isolar a cidade de Springfield numa redoma de vidro. A família Simpson consegue fugir antes de ser linchada, foge para o Alasca e no final retorna, salvando todos de uma tragédia ainda maior!<br /><br />Apesar de orçado em US$ 75 milhões, as previsões iniciais dos analistas especializados imaginavam uma arrecadação nos cinemas norte-americanos em torno de US$ 60 milhões (sem contar o mercado de dvd e os demais países). Pois bem, em cerca de dois meses em cartaz OS SIMPSONS, O FILME já arrecadou quase US$ 200 milhões só nos Estados Unidos e cerca de US$ 500 milhões em todo o mundo! Isso dá uma noção de que, mesmo após 18 anos no ar, tem muita gente disposta a pagar ingresso para assistir a algo que "passa todos os dias de graça na tv" (como ironicamente afirma uma das primeiras piadas do filme).<br /><br />Isso sem falar do excelente retorno da crítica (88% de aprovação no Rotten Tomatoes), que aponta principalmente a fidelidade da adaptação ao espírito original da série. É mais do mesmo? É, sim. Mas qual o problema disso? Se a matéria prima é boa, o conselho é aproveitar ao máximo esta nova aventura, que dá mais espaço a alguns personagens secundários (Flanders, por exemplo), explora melhor as relações familiares entre os Simpsons (o que cada membro pensa sobre o outro nunca havia ficado tão claro) e ainda consegue oferecer novidades e ousadias, como a nudez de Bart e as participações de <span style="font-weight: bold;">Tom Hanks</span> e da banda <span style="font-weight: bold;">Green Day</span>. OS SIMPSONS, O FILME entrega ao público justamente o que promete - e já tá mais do que bom!<br /><br /><span style="font-style: italic;">The Simpsons Movie</span>, EUA, 2007<br />(nota 8,5)<br /><br /><br /></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-118142240695636712007-09-03T00:36:00.000-03:002008-12-08T21:16:48.628-03:00INESQUECÍVEL<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Kz8C57oVvWoIzDnYngafpVg31wFXw0p99tz1wp4kawsHPUWBVenSqZJS9oOmzvr3CQI6x9vrzGXmRTIrVDajLGB6J8jJMpasoEAlY3CxYpDDKnMi6d2Wzpvaiik7SDeUaNNzsw/s1600-h/inesquecivel.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5105821791913690754" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_Kz8C57oVvWoIzDnYngafpVg31wFXw0p99tz1wp4kawsHPUWBVenSqZJS9oOmzvr3CQI6x9vrzGXmRTIrVDajLGB6J8jJMpasoEAlY3CxYpDDKnMi6d2Wzpvaiik7SDeUaNNzsw/s320/inesquecivel.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;">Chega a ser impressionante como tanta coisa pode dar errada em INESQUECÍVEL! Isso porque estamos falando de uma trama aparentemente comum aos cinéfilos e cineastas nacionais - o triângulo amoroso, vide o clássico DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS ou o recente PRIMO BASÍLIO - e de um elenco minimamente competente, além de outros requisitos técnicos de destaque, como o roteirista e a produtora. Mas, sob o comando de <strong>Paulo Sérgio de Almeida</strong>, tudo combinado se põe diante o público como um dos maiores desastres da cinematografia brasileira recente, um produto previsível e constrangedor que afunda vergonhosamente em suas próprias ambições.</span><br /><br /><span style="font-family:Verdana;">INESQUECÍVEL é dividido em três atos, cada um com aproximadamente 30 minutos de duração. O primeiro - o mais bem sucedido de todos - se passa em Buenos Aires e mostra o amor fulminante que surge entre o fotógrafo Guilherme (<strong>Caco Ciocler</strong>, perdido e sem direção) e a estilista e ex-modelo Laura (a esforçada estreante <strong>Guilhermina Guinle</strong>, incrivelmente a melhor do trio protagonista). Ela vai numa exposição dele, em seguida estão um na cama do outro e quando se percebe ela está num avião de volta para o Brasil e ele, desesperado, partindo em sua busca. Os dois voltam a se reecontrar no Rio de Janeiro, já na segunda etapa da história - quando as coincidências, e absurdos, começam a se proliferar: ela está de casamento marcado com o ator Diego (<strong>Murilo Benício</strong>, vergonhoso), que é o melhor amigo de Guilherme. Os três estão sempre juntos, e o ciúme do noivo passa a corromper as relações entre eles, até um final trágico. Mas o pior ainda está por vir, numa conclusão que pode ser, na melhor das hipóteses, classificada como risível: um dos vértices do triângulo, mesmo falecido, continua a atormentar a vida dos dois sobreviventes, levando-os praticamente à loucura.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Insano mesmo deve ser o espectador que tentar buscar alguma lógica neste embaralhado de referências ao cinema <em>noir</em>, ao suspense psicológico e ao romance como detonador de desgraças. Tudo é muito falso - os cenários, as atuações, os enquadramentos, os acontecimentos - e nada soa natural e convincente. Paulo Sérgio de Almeida, diretor de obras populares como SONHO DE VERÃO (1990), com as <strong>Paquitas</strong>, e POPSTAR (2000), XUXA E OS DUENDES (2001) e XUXA E OS DUENDES 2 (2002), todos estrelados pela 'rainha dos baixinhos', parece ter levado à sério demais o universo da apresentadora infantil, acreditando que tudo possa ser resolvido como num conto de fadas - ou, no caso, de terror inconsequente. </span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Benício, que já foi considerado um dos melhores atores nacionais de sua geração, com desempenhos elogiados em filmes como OS MATADORES (1997), AMORES POSSÍVEIS (2001) e O HOMEM DO ANO (2003), parece estar empenhado em confirmar que SEUS PROBLEMAS ACABARAM (2006), o filme que ele fez com a turma do <strong>Casseta & Planeta</strong>, talvez não seja uma exceção em sua carreira. Ele está sempre com a mesma expressão dura, fechada e quase cômica - de tão bizarra! Já o habitualmente interessante Caco Ciocler, de OLGA (2004) e QUASE DOIS IRMÃOS (2004), fica o tempo inteiro na procura por um registro, por uma orientação que nunca chega. Mas nada se compara ao roteiro estapafúrdio e esburacado de <strong>Marcos Bernstein</strong>, que nunca chega aos pés de seus trabalhos mais conhecidos: CENTRAL DO BRASIL (1998) e O OUTRO LADO DA RUA (2004). O enredo, baseado no conto <em>"O Espectro"</em>, de <strong>Horácio Quiroga</strong>, nunca mostra a que veio e o que pretende, perdido entre dilemas inexistentes e em soluções fáceis e clichês. Nem a mão geralmente firme de <strong>Mariza Leão</strong>, produtora de sucessos como ZUZU ANGEL (2006) e GUERRA DE CANUDOS (1997) parece ter sido capaz de algum efeito positivo.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Com um visual televisivo, nada ousado, que a todo instante revela uma ausência total de criatividade ou planejamento, só nos resta torcer que INESQUECÍVEL cumpra o que o título promete. Dessa forma, talvez sirva de alerta para que outros cineastas nacionais evitem alguns dos desastres aqui muito bem exemplificados.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>Inesquecível</em>, Brasil, 2007</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 3)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-47436964078652475022007-08-27T01:34:00.000-03:002008-12-08T21:16:48.771-03:00PRIMO BASÍLIO<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIx_Ms2Y8yXtJGofgc3mvb2-ZaWBXgJ8Zey-r9VqN70YCTYLdfbXHcYkINuWSpqaCaaZReXnmC0d_pgFSNugLwUDRG8EggfmGRevxK07szEacfK4hs1Yl0GGepQqW204K0T4O4fg/s1600-h/primo+bas%C3%ADlio.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5103234091297719906" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIx_Ms2Y8yXtJGofgc3mvb2-ZaWBXgJ8Zey-r9VqN70YCTYLdfbXHcYkINuWSpqaCaaZReXnmC0d_pgFSNugLwUDRG8EggfmGRevxK07szEacfK4hs1Yl0GGepQqW204K0T4O4fg/s320/primo+bas%C3%ADlio.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;">É complicado saber por onde começar ao falar dos problemas de PRIMO BASÍLIO, oitavo filme dirigido por <strong>Daniel Filho</strong> e o quinto feito por ele desde a retomada de sua carreira cinematográfica, no início dos anos 2000. Depois de algumas experiências esparsas nos anos 60, 70 e 80 (até filme dos <strong>Trapalhões</strong> ele dirigiu) e muito trabalho em televisão, com a virada do século decidiu se dedicar exclusivamente à sétima arte. E desde então vem alternando sucessos de público (SE EU FOSSE VOCÊ, 2006), de crítica (A DONA DA HISTÓRIA, 2004) e até um fracasso (MUITO GELO E DOIS DEDOS D'ÁGUA, 2006). Mas, acima de tudo, eram comédias. E PRIMO BASÍLIO aposta noutro caminho, o drama, e o resultado é bastante problemático.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Poucos são os que desconhecem a trama de <em>"O Primo Basílio"</em>. Baseado no romance do escritor português <strong>Eça de Queiroz</strong>, foi adaptado há 20 anos numa minissérie da Rede Globo, que tinha <strong>Tony Ramos</strong>, <strong>Giulia Gam</strong>, <strong>Marcos Paulo</strong> e <strong>Marília Pêra</strong> no elenco principal. Na direção, o mesmo Daniel Filho. Pois agora o que parece é que estas duas décadas fizeram mal para ele, que aparenta ter desaprendido como lidar com a dramaticidade da história. <strong>Reynaldo Gianecchini</strong>, <strong>Debora Falabella</strong>, <strong>Fábio Assunção</strong> e <strong>Glória Pires</strong> substituem os protagonistas, obviamente elas com um desempenho muito superior ao deles. Mas isso pouco importa no final das contas, já que a direção privilegia sempre o desenrolar atabalhoado do enredo, sem tempo para qualquer respiro, seja do personagem ou mesmo do ator por trás deste.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Sai a Lisboa do final do século XIX e no lugar está a São Paulo de 1958. Jorge (Gianecchini) é um engenheiro contratato para trabalhar na construção de Brasília, e por isso precisa viajar, deixando Luísa (Falabella), sua mulher, sozinha. Ela passa a receber a visita do primo Basílio (Assunção), que está de volta à cidade após uma temporada na Europa. Os dois logo se tornam amantes, o que vem a ser descoberto pela empregada Juliana (Pires). Esta, de posse de cartas reveladoras, passa a chantagear a patroa. E a relação que até então existia entre as duas se inverte, dando início ao calvário de uma e da descoberta do paraíso pela outra.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Se em A DONA DA HISTÓRIA ou em A PARTILHA (2001) Daniel Filho conseguiu conciliar um argumento de sucesso comprovado com um elenco que reunia talento e apelo popular, esta mesma fórmula revelou-se parcialmente desnecessária em SE EU FOSSE VOCÊ (que, apesar de abusar dos clichês, se tratava de um roteiro original). MUITO GELO foi um alerta, mostrando os perigos de ser tão autoral. A DONA teve 1,2 milhão de espectadores, PARTILHA mais de 2 milhões e SE EU FOSSE VOCÊ quase 3,5! MUITO GELO não chegou aos 500 mil espectadores, número que PRIMO BASÍLIO deve superar com tranquilidade. Mesmo assim não deve registrar nada muito superior. Gianecchini e Assunção são lindos, assim como Falabella, mas isso não basta, certo? Afinal, quem já não os viu seminus na telinha? E Glorinha, de quem se esperava uma grande atuação, passa o tempo todo limitada pela peruca, maquiagem pesada e figurino apertado. </span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Com enquadramento muito pouco criativo, edição convencional, cenário pobre e efeitos visuais constrangedores (o que são as cenas da cidade antiga?), PRIMO BASÍLIO abusa ainda do voyerismo (o sexo entre Assunção e Falabella é tão abusivo que perde o sentido inclusive dentro da proposta cinematográfica) e da falta de controle dos atores: Falabella, a melhor em cena, está sempre no limite, carecendo de uma orientação mais precisa. O que resta é uma obra sem fôlego, previsível desde a primeira cena e que tem uma conclusão absurda, inverossímil diante a nossa realidade. Um desastre anunciado, que somente se confirma com pior desdém a cada fotograma.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>Primo Basílio</em>, Brasil, 2007</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 3,5)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-15838225272621696502007-08-05T14:13:00.001-03:002008-12-08T21:16:48.874-03:00DURO DE MATAR 4.0<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5S_LmtBnDOXzyWdqUx0ETZG1TlKDLAUdh5jm-vmnVzCb2p5w3UKVvVt3kit6cWcGh_fAGNcVXlF0cELEJ8xvCoQOXLyg63Ev8BrK2YhNt4ZMWVVoMlzt46P9JYxHlzedwEoTh1Q/s1600-h/live-free-or-die-hard.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5095265877907464258" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5S_LmtBnDOXzyWdqUx0ETZG1TlKDLAUdh5jm-vmnVzCb2p5w3UKVvVt3kit6cWcGh_fAGNcVXlF0cELEJ8xvCoQOXLyg63Ev8BrK2YhNt4ZMWVVoMlzt46P9JYxHlzedwEoTh1Q/s320/live-free-or-die-hard.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;"><strong>Bruce Willis</strong> é um cara legal. Não que alguém tenha alguma dúvida disso. Ele se tornou conhecido através de uma série de televisão <em>("A Gata e o Rato"</em>, que durou de 1985 a 1989) e estourou definitivamente nos cinemas em 1988, com o primeiro DURO DE MATAR. Desde então fez comédias (A MORTE LHE CAI BEM, 1992), romances (A HISTÓRIA DE NÓS DOIS, 1999), suspenses (A COR DA NOITE, 1994), ficções científicas (O QUINTO ELEMENTO, 1997), aventuras (O CHACAL, 1997), superproduções (ARMAGEDDON, 1998), filmes cultuados (PULP FICTION, 1994), campeões de bilheteria (O SEXTO SENTIDO, 1999) e fracassos (HUDSON HAWK, 1991). Já foi protagonista, marcou presença em elencos múltiplos (SIN CITY, 2005), fez pequenas participações em projetos de amigos (AS PANTERAS DETONANDO, 2003, e DOZE HOMENS E UM OUTRO SEGREDO, 2004) e até mostrou seu talento de dublador (OLHA QUEM ESTÁ FALANDO, 1989), além de ter aparecido em outras séries de tv, como <em>"Friends"</em>, <em>"That 70's Show"</em> e <em>"Ally McBeal"</em>. Na vida familiar, continua amigo da ex-esposa, <strong>Demi Moore</strong>, depois de uma separação super tranqüila, e sai para férias em família na companhia dela e do novo marido, o ator <strong>Ashton Kutcher</strong>. Então como não ficar feliz em conferir esse grande cara de volta ao papel que maior sucesso lhe deu? E DURO DE MATAR 4.0 é exatamente isso: Bruce Willis fazendo o que sabe fazer melhor!</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Se no primeiro filme o agente John McClane (Willis) precisou impedir o ataque a um edifício, no segundo (de 1990) salvou um aeroporto e no terceiro (de 1995) se virou ao avesso para evitar uma tragédia em toda uma cidade, agora o perigo segue esta linha de aumento progressivo e cresce vertiginosamente. O vilão desta vez é um terrorista virtual, que coloca o país inteiro como refém de um ataque combinado, imobilizando todos os recursos de energia, inteligência e até militar dos Estados Unidos em questão de horas. E como um herói conhecido por resolver as coisas "no braço" irá lidar contra um inimigo tão polivalente?</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">A solução se chama Matt, um hacker ameaçado de morte que acaba virando protegido de McClane. Ele, por um desencontro do destino, termina por ser o único capaz de enfrentar a ameaça cibernética e salvar a nação. Mas, para isso, precisará contar com a proteção do policial, que tem outro problema pela frente: salvar a própria filha, seqüestrada pelos bandidos. Interpretado por <strong>Justin Long</strong>, de A HORA DO RANGO e SEPARADOS PELO CASAMENTO, o rapaz tem tudo para, assim como <strong>Shia LeBeouf</strong> (TRANSFORMERS), se tornar num dos grandes astros de Hollywood nos próximos anos: tem aparência frágil, porém é engraçado, simpático e bom com as garotas. Ele, ao lado de tiradas impagáveis de Willis, responde pelo lado "leve" do filme, acrescentando bom humor e modernidade a uma trama que pouco tem de original, mas que conquista justamente pela nostalgia e exageros.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Se o trailer de DURO DE MATAR 4.0 lhe atraiu, o que posso dizer é que ali estão cenas apenas das primeira meia-hora de filme. Ou seja, tem muito mais pela frente. Assim, logo no início o protagonista consegue derrubar um helicóptero com um automóvel, desviar de dezenas e carros desgovernados no meio de um túnel escuro e salvar sua pele e a do garoto de vários assassinos que estão atirando à queima roupa. Agora, imagine o que ainda está por vir. Ele vai atravessar alguns estados, enfrentar o caos generalizado e lutar com capangas dos mais diversos tipos, gêneros e sexos até ficar frente a frente com o responsável por todo o perigo. E não será uma jornada fácil, pode apostar.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">São tantos os absurdos e clichês no decorrer da trama que chega um ponto que esquecemos da verossimilhança e queremos apenas alimentar os sentidos. Não é um longa sério, que estimula o pensamento e a reflexão. É mais um pipoca arrasa-quarteirão, feito para grandes massas e de consumo imediato. Mas serve também para mostrar o quão marcante a década de 80 foi para o universo pop. Depois deste retorno e de <strong>Sylvester Stallone</strong> em ROCKY BALBOA no início do ano, em 2008 nos reencontraremos ainda com o mesmo Stallone, porém em JOHN RAMBO, e com um sessentão <strong>Harrison Ford</strong> em INDIANA JONES 4. E se o público continua aceitando com alegria este velhos ícones, qual o problema nisso? Bruce Willis fez bem sua parte, mostrando que tem muito fôlego para novos desafios. E daqui pra frente é só aguardar para ver!</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>Live Free or Die Hard</em>, EUA, 2007</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 7)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-80202826285530605682007-07-29T23:55:00.001-03:002008-12-08T21:16:48.953-03:00A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXQ13jg7Sy2cDXGVyIHIa77PhEEjC7W7gA1LyW5K7RQxQs-Cy-ufuDGSx5bHN07wEdlYH4CTwZRC8173W-CWycR6kv2bkG32Bh6q0j57deOQncqY6M7N3WeThLJoZ1J4Scv-L5PA/s1600-h/vida-secreta-das-palavras.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5092818184635408370" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXQ13jg7Sy2cDXGVyIHIa77PhEEjC7W7gA1LyW5K7RQxQs-Cy-ufuDGSx5bHN07wEdlYH4CTwZRC8173W-CWycR6kv2bkG32Bh6q0j57deOQncqY6M7N3WeThLJoZ1J4Scv-L5PA/s320/vida-secreta-das-palavras.jpg" border="0" /></a> <span style="font-family:verdana;">O que é preciso para descobrir o verdadeiro "eu" de uma pessoa? Até que ponto nos fechamos tão dentro de nós mesmos que acabamos nos afastando não somente dos outros, mas de tudo mais, inclusive das próprias emoções? Incomunicabilidade, repressão, traumas do passado e a descoberta do amor no mais improvável dos lugares são alguns dos temas tratados no sensível e comovente A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS, segundo longa-metragem internacional dirigido pela impressionante cineasta espanhola <strong>Isabel Coixet</strong> (o anterior foi o igualmente emocionante MINHA VIDA SEM MIM).</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Uma mulher solitária vive num universo tão particular que esquece até mesmo de reinvindicar suas férias. Obrigada pelo chefe a um mês de descanso, acaba indo parar numa vila afastada e pouco povoada. Lá descobre uma oportunidade de reavivar uma antiga ocupação: enfermagem. Estão precisando de alguém para cuidar de um operário numa plataforma petrolífera no meio do oceano. Ele está cego, vítima de severas queimaduras sofridas durante um acidente. Ao chegar neste lugar ainda mais inóspito, nossa protagonista irá de se deparar com pessoas tão isoladas da vida quando ela mesma. As relações entre os presentes é tão escassa quanto se faz necessária. São como zumbis, abandonados numa terra de ninguém, individualmente ocupados com suas responsabilidades e esquecidos pelo resto da humanidade. Mas o contato está prestes a ganhar um novo valor, alterando toda a ordem até então estabelecida.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Se a princípio a convivência entre paciente e atendente revela-se truncada, os códigos de comunicação aos poucos vão se estabelecendo. Ele não consegue vê-la, ela parece estar pouco interessada, mas um jogo vai surgindo e envolvendo-os. Não tardará para a relação evoluir para uma estranha história de amor que, apesar do diferencial que possui, não deixa de possuir elementos em comum a qualquer outro romance: entrega, cobrança, confiança, insegurança, dor e sinceridade. E neste ponto o filme surpreende o espectador pelos novos rumos tomados, em que gestos até então exóticos adquirem novos significados e todo o entendimento do que estava acontecendo fica não só mais claro, mas também dotado de uma intensidade até então insuspeita.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Muito do bom resultado atingido por A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS está na sua dupla central de atores, a fenomenal <strong>Sarah Polley</strong> (que já havia trabalhado com a diretora em MINHA VIDA...) e o oscarizado <strong>Tim Robbins</strong> (SOBRE MENINOS E LOBOS). Os dois fogem do registro óbvio e estereotipado, atuando com o olhar, com pequenos cuidados e tendo completo domínio dos personagens e das emoções que carregam consigo. Você esquece que por trás estão pessoas com outras vidas e histórias: fica-se diante apenas dos protagonistas da trama, como se estivéssemos literalmente dentro do enredo, naquela realidade. Outros bons destaques são alguns coadjuvantes, como o sempre ótimo <strong>Javier Cámara</strong> (FALE COM ELA, MÁ EDUCAÇÃO, DA CAMA PARA A FAMA), ciente da urgência de um alívio cômico, porém longe do clichê mais fácil, e da igualmente vencedora do Oscar <strong>Julie Christie</strong> (DARLING, A QUE AMOU DEMAIS, de 1965, vista recentemente em sucessos como EM BUSCA DA TERRA DO NUNCA, TRÓIA e HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN), numa participação carinhosa e fundamental.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Isabel Coixet é uma súdita exemplar do mestre <strong>Pedro Almodóvar</strong>, produtor executivo de A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS, longa que foi o grande vencedor dos Prêmios Goya no ano passado. Sem incorrer no exagero, ela consegue falar muito dizendo pouco. As expressões, as atitudes, cada ação em todo momento são de relevâncias singulares, fazendo a maior diferença possível. Pelo que vemos nestes seus dois últimos trabalhos, estes são filmes para serem vistos com atenção e carinho, pois transmitem mais do que um única experiência possa se encarregar. É preciso reflexão, análise e uma compreensão maior do que somos e buscamos. Seja através das palavras, das ações ou mesmo do que não é feito. Pois aqui até o que não está tem importância. E esta lição é o maior mérito da obra como um todo.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>La Vida Secreta de Las Palabras</em>, Espanha, 2005</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 8,5)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-83889120048646358652007-07-22T19:13:00.000-03:002008-12-08T21:16:49.109-03:00SANEAMENTO BÁSICO, O FILME<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxyT2OElyvID7FNvxXjCO_C5dcmvP9iKvnLCFMm0TxMS3Nl7VWEt5yzcrLYzV0j_xmRDZRNTsykCAmY3GDOI5OHQP4ymEYWx5_dY-x9Q7o1xH0uY31ACmK6pNQaIbcUCA30Weopg/s1600-h/saneamento-basico.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5090148110841667554" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxyT2OElyvID7FNvxXjCO_C5dcmvP9iKvnLCFMm0TxMS3Nl7VWEt5yzcrLYzV0j_xmRDZRNTsykCAmY3GDOI5OHQP4ymEYWx5_dY-x9Q7o1xH0uY31ACmK6pNQaIbcUCA30Weopg/s320/saneamento-basico.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;"><strong>Jorge Furtado</strong> é um cineasta bastante singular dentro do cenário cinematográfico brasileiro. Seus filmes conseguem combinar argumentos pertinentes, crítica social, bom humor e entretenimento, em doses bem equilibradas. SANEAMENTO BÁSICO, O FILME, seu quarto longa, repete o bom resultado. Não chega a ser tão interessante quanto O HOMEM QUE COPIAVA, seu mais bem sucedido projeto, mas ainda assim representa um grande progresso em relação ao simpático HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES ou ao curioso MEU TIO MATOU UM CARA. O importante, entretanto, é perceber que o próprio realizador se deu conta que estava começando a se repetir, e ao invés de se acomodar e seguir com o que estava dando certo, resolveu inovar e mudar as regras do próprio jogo. Desta forma, não há mais um narrador em off dividindo com o espectador os acontecimentos e um único protagonista em busca da garota amada. Só por esta inquietute, Furtado já sai ganhando!</span><br /><span style="font-family:Verdana;">Inspirado no arquétipo clássico da <em>commedia dell'arte</em>, SANEAMENTO BÁSICO, O FILME conta com oito personagens principais, todos envolvidos na construção de uma fossa pública na fictícia comunidade de Linha Cristal, no interior do Rio Grande do Sul. O problema é que cada um encara o projeto com um ponto de vista singular, buscando diferentes resultados. E nem sempre estes objetivos serão concordantes com os dos demais.</span><br /><span style="font-family:Verdana;">Marina (<strong>Fernanda Torres</strong>, repetindo a "Vani", de OS NORMAIS) quer a melhoria do saneamento na cidade para que o marido se cure de uma insistente micose. Joaquim (<strong>Wagner Moura</strong>, discreto) é o marido que deseja se curar e trazer sua vida sexual de volta à normalidade. Os dois vão à prefeitura solicitar dinheiro para a obra, e lá descobrem que a única verba disponível é para a realização de um vídeo de ficção, uma iniciativa do governo federal. Marcela (<strong>Janaína Kremer</strong>, do inédito AINDA ORANGOTANGOS), a funcionária, tem uma idéia: que tal usar esta grana para solucionar o problema da vila? Para isso, basta gravar uma história, com um roteiro que tenha o mínimo de sentido! O importante, segundo ela, <em>"é não devolver o que já foi liberado!"</em></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Silene (<strong>Camila Pitanga</strong>, ótima), irmã de Marina, topa ser a estrela do filme, e chama o namorado, Fabrício (<strong>Bruno Garcia</strong>, divertido), para emprestar sua câmera. Ele aceita participar, pois vê uma oportunidade de incrementar o turismo por ali - ele é dono do único hotel da cidade! O envolvimento de todos nas filmagens vai ficando cada vez maior e, com novas responsabilidades, decidem buscar alguém profissional! E encontram Zico (<strong>Lázaro Ramos</strong>, roubando cada cena em que aparece), um videomaker que vê nesta história sua chance de alcançar sonhos maiores. Paralelo a tudo isso estão os dois velhos, Otaviano (<strong>Paulo José</strong>, comovente), pai das meninas, e Antonio (<strong>Tonico Pereira</strong>, repetitivo), o amigo/inimigo ideal. Ambos, com suas rabugices, acabam contribuindo para o sucesso da empreitada.</span><br /><span style="font-family:Verdana;">Se há um defeito em SANEAMENTO BÁSICO, O FILME, é a impressão de ter sido feito um tanto às pressas. Há problemas de continuidade (na cena em que Zico e Marina conversam numa lancheria, em cada corte o pastel está num lugar diferente) e de estrutura (a longa seqüência da motocicleta parece estar descontextualizada, além de demasiadamente longa). Isso, no entanto, não chega a afetar no resultado final, que é muito positivo. Repleto de diálogos divertidíssimos, é quase impossível não se envolver com estes "inocentes" que acabam sendo levados pela atração da arte criativa. O problema imediato bate forte nos calcanhares de todos, mas como deixar de lado a imaginação e a fantasia quando esta começa a se fazer presente com uma força até então impensável?</span><br /><span style="font-family:Verdana;">A paixão pelo cinema, a política pública de investimentos culturais, a atenção dada pelas autoridades às necessidades básicas e urgentes e a lógica às vezes invertida estabelecida entre corpo (a higiene) e mente (a arte) são alguns dos pontos levantados com inteligência pelo realizador - Furtado é também roteirista. Com um bom desempenho do conjunto do elenco (apesar de seus altos e baixos) e uma trama enxuta, que surpreende pelo inusitado e convence pela simplicidade, é uma produção que tem tudo para conquistar um público fiel e entusiasmado. E, por que não, fazer deste um dos longas nacionais referenciais de 2007!</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>Saneamento Básico, o Filme</em>, Brasil, 2007</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 7,5)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37900129.post-64087221858415161772007-07-17T21:17:00.000-03:002008-12-08T21:16:49.259-03:00TRANSFORMERS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpv9onhZOjMGdxB4ovcBhoQslkCxRMJ1ZH2zRI6XbAuNTu3_rsm6KbzkgsnM8lH_mirovPeIqOuk0Ys002P8TtxSoVubi5rKt7J9HiGT40wp6o4a5fXpqlTj67L0NtDjUL_4FLQA/s1600-h/transformers.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5088324547159362098" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpv9onhZOjMGdxB4ovcBhoQslkCxRMJ1ZH2zRI6XbAuNTu3_rsm6KbzkgsnM8lH_mirovPeIqOuk0Ys002P8TtxSoVubi5rKt7J9HiGT40wp6o4a5fXpqlTj67L0NtDjUL_4FLQA/s320/transformers.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:verdana;"> Antes de mais nada, é bom deixar algo bastante claro: eu odeio <strong>Michael Bay</strong>! Este é, para mim, um dos piores diretores da Hollywood atual, que representa com exatidão tudo o que há de pior por lá: exageros desnecessários, enredos vazios e histórias tolas e previsíveis. Por isso, quando soube que ele dirigiria a versão para a tela grande do popular brinquedo dos anos 80, TRANSFORMERS, minhas expectativas foram lá embaixo. Após conferir o trailer, o que temia se confirmou: muitas explosões, robôs tecnicamente perfeitos, porém nada atrativos, e uma história aparentemente repleta de clichês. Só que eu estava esquecendo de uma coisa: quem está sentado na cadeira de produtor executivo é ninguém menos do que <strong>Steven Spielberg</strong>. E, acreditem: isso faz MUITA diferença!</span><br /><span style="font-family:Verdana;">TRANSFORMERS é o filme que Spielberg dirigiria caso houvesse tecnologia disponível 20 ou 30 anos atrás. Já que não foi possível, ele aguardou e, como acredita estar numa idade mais "madura" para este tipo de passatempo, deixou a bola para o jovem Bay. Mas não se enganem: a mão do realizador de E.T., OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA e JURASSIC PARK está por todo o longa. A esperança, agora, é de que o responsável pelos irritantes OS BAD BOYS e A ROCHA tenha ao menos aprendido a lição de como combinar diversão de primeira com bom humor em uma trama que não desrespeite a inteligência do espectador.</span><br /><span style="font-family:Verdana;">Não que a história narrada em TRANSFORMERS seja muito mirabolante. Pelo contrário, pode ser resumida em uma frase: duas raças de robôs extraterrestres - os "Autobots", do 'bem', e os "Decepticons", do 'mal' - fazem da Terra campo de batalha na busca por um Cubo milenar que pode decidir o futuro do Universo. Pronto, é isso, direto e simples. Alguns humanos acabam no meio da briga - um adolescente que só quer pegar a garota mais gostosa do colégio, um grupo de militares, cientistas e o próprio governo norte-americano. Uma conspiração no estilo <em>"Arquivo X"</em> chega a se desenhar, porém sem muito impacto. Ou seja, não há distração - vai-se logo ao que o público quer, gigantescos alienígenas robóticos destruindo meio mundo enquanto assistimos, confortavelmente, digerindo muita pipoca e refrigerante.</span><br /><span style="font-family:Verdana;">Alguns cuidados foram essenciais para o bom resultado do projeto: os roteiristas <strong>Alex Kurtzman</strong> e <strong>Roberto Orci</strong> (A LENDA DO ZORRO, MISSÃO IMPOSSÍVEL III) simplificaram a narrativa, porém sem torná-la banal. Conseguimos nos identificar com os personagens de carne e osso, perdidos no meio de um duelo de gigantes. Toda a fotografia do filme é feita sob o ponto de vista humano, o que contribui no nosso sentimento de estarmos, literalmente, dentro do filme - em alguns momentos vemos apenas as pernas dos robôs, em outros a explosão já em andamento! Os efeitos especiais são de primeiríssima linha - cortesia da Industrial Light & Magic, de <strong>George Lucas</strong> - e, na grande maioria, a ação transcorre em céu aberto, muito bem iluminada e perfeitamente visível. E, acima de tudo, há muito bom humor, ironia e auto-crítica durante todo o desenrolar dos acontecimentos - nenhuma piada é perdida, mantendo alto o astral.</span><br /><span style="font-family:Verdana;">Outro elemento que dá muito certo é a aposta dos realizadores no novato <strong>Shia LaBeouf </strong>(visto em CONSTANTINE e no ainda inédito por aqui PARANÓIA). O rapaz foge do padrão consagrado de protagonista deste tipo de filme: não é particulamente bonito, nem musculoso ou descerebrado! Mas é, sim, muito simpático, engraçado e bom ator, conseguindo equilibrar a missão que acaba lhe sobrando com as tarefas de conquistar a mocinha e ainda livrar nosso planeta do extermínio. Simples, não? E o que se vê na tela é tão positivo que o próprio Spielberg já o escalou para o próximo projeto dele como diretor: LaBeouf será o filho de <strong>Harrison Ford</strong> em INDIANA JONES 4!</span><br /><span style="font-family:Verdana;">TRANSFORMERS é muito mais espetacular do que ARMAGEDDON, muito mais romântico do que PEARL HARBOR e muito mais futurista do que A ILHA, para ficarmos em termos de comparação apenas com as frustrações anteriores de Michael Bay. Divertido, empolgante e extremamente competente de acordo com o que se propõe, é um dos mais completos projetos do verão 2007, obtendo bons resultados tanto junto à crítica quanto com o público (mais de US$ 230 milhões nas bilheterias norte-americanas em menos de 10 dias!). Frases feitas, clichês inevitáveis, muito barulho e pouco conteúdo? Sim, tem tudo isso, mas também apresenta entretenimento extremamente bem realizado. E de vez em quando isso já tá mais do que bom, certo?</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><em>Transformers</em>, EUA, 2007</span><br /><span style="font-family:Verdana;">(nota 8)</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span>robledohttp://www.blogger.com/profile/17177198512885881560noreply@blogger.com1