terça-feira, julho 17, 2007

TRANSFORMERS

Antes de mais nada, é bom deixar algo bastante claro: eu odeio Michael Bay! Este é, para mim, um dos piores diretores da Hollywood atual, que representa com exatidão tudo o que há de pior por lá: exageros desnecessários, enredos vazios e histórias tolas e previsíveis. Por isso, quando soube que ele dirigiria a versão para a tela grande do popular brinquedo dos anos 80, TRANSFORMERS, minhas expectativas foram lá embaixo. Após conferir o trailer, o que temia se confirmou: muitas explosões, robôs tecnicamente perfeitos, porém nada atrativos, e uma história aparentemente repleta de clichês. Só que eu estava esquecendo de uma coisa: quem está sentado na cadeira de produtor executivo é ninguém menos do que Steven Spielberg. E, acreditem: isso faz MUITA diferença!
TRANSFORMERS é o filme que Spielberg dirigiria caso houvesse tecnologia disponível 20 ou 30 anos atrás. Já que não foi possível, ele aguardou e, como acredita estar numa idade mais "madura" para este tipo de passatempo, deixou a bola para o jovem Bay. Mas não se enganem: a mão do realizador de E.T., OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA e JURASSIC PARK está por todo o longa. A esperança, agora, é de que o responsável pelos irritantes OS BAD BOYS e A ROCHA tenha ao menos aprendido a lição de como combinar diversão de primeira com bom humor em uma trama que não desrespeite a inteligência do espectador.
Não que a história narrada em TRANSFORMERS seja muito mirabolante. Pelo contrário, pode ser resumida em uma frase: duas raças de robôs extraterrestres - os "Autobots", do 'bem', e os "Decepticons", do 'mal' - fazem da Terra campo de batalha na busca por um Cubo milenar que pode decidir o futuro do Universo. Pronto, é isso, direto e simples. Alguns humanos acabam no meio da briga - um adolescente que só quer pegar a garota mais gostosa do colégio, um grupo de militares, cientistas e o próprio governo norte-americano. Uma conspiração no estilo "Arquivo X" chega a se desenhar, porém sem muito impacto. Ou seja, não há distração - vai-se logo ao que o público quer, gigantescos alienígenas robóticos destruindo meio mundo enquanto assistimos, confortavelmente, digerindo muita pipoca e refrigerante.
Alguns cuidados foram essenciais para o bom resultado do projeto: os roteiristas Alex Kurtzman e Roberto Orci (A LENDA DO ZORRO, MISSÃO IMPOSSÍVEL III) simplificaram a narrativa, porém sem torná-la banal. Conseguimos nos identificar com os personagens de carne e osso, perdidos no meio de um duelo de gigantes. Toda a fotografia do filme é feita sob o ponto de vista humano, o que contribui no nosso sentimento de estarmos, literalmente, dentro do filme - em alguns momentos vemos apenas as pernas dos robôs, em outros a explosão já em andamento! Os efeitos especiais são de primeiríssima linha - cortesia da Industrial Light & Magic, de George Lucas - e, na grande maioria, a ação transcorre em céu aberto, muito bem iluminada e perfeitamente visível. E, acima de tudo, há muito bom humor, ironia e auto-crítica durante todo o desenrolar dos acontecimentos - nenhuma piada é perdida, mantendo alto o astral.
Outro elemento que dá muito certo é a aposta dos realizadores no novato Shia LaBeouf (visto em CONSTANTINE e no ainda inédito por aqui PARANÓIA). O rapaz foge do padrão consagrado de protagonista deste tipo de filme: não é particulamente bonito, nem musculoso ou descerebrado! Mas é, sim, muito simpático, engraçado e bom ator, conseguindo equilibrar a missão que acaba lhe sobrando com as tarefas de conquistar a mocinha e ainda livrar nosso planeta do extermínio. Simples, não? E o que se vê na tela é tão positivo que o próprio Spielberg já o escalou para o próximo projeto dele como diretor: LaBeouf será o filho de Harrison Ford em INDIANA JONES 4!
TRANSFORMERS é muito mais espetacular do que ARMAGEDDON, muito mais romântico do que PEARL HARBOR e muito mais futurista do que A ILHA, para ficarmos em termos de comparação apenas com as frustrações anteriores de Michael Bay. Divertido, empolgante e extremamente competente de acordo com o que se propõe, é um dos mais completos projetos do verão 2007, obtendo bons resultados tanto junto à crítica quanto com o público (mais de US$ 230 milhões nas bilheterias norte-americanas em menos de 10 dias!). Frases feitas, clichês inevitáveis, muito barulho e pouco conteúdo? Sim, tem tudo isso, mas também apresenta entretenimento extremamente bem realizado. E de vez em quando isso já tá mais do que bom, certo?

Transformers, EUA, 2007
(nota 8)

Um comentário:

LU K. disse...

pois é...
assisti ao trailler e juro q não me animei a assistir...
sinceramente, ainda acho q não vou...
beijo