sábado, abril 28, 2007

MINHA MÃE QUER QUE EU CASE

O que falar de MINHA MÃE QUER QUE EU CASE, título nacional patético, porém totalmente adequado para um desastre como este? Tudo, absolutamente tudo aqui é muito ruim. A começar pelo gênero, uma comédia romântica sem a menor inspiração, que se limita a repetir os mais comuns clichês, sem qualquer preocupação em reciclá-los. Está tudo lá: as trapalhadas inverossímeis, as personagens sem a menor função além de ocupar espaço na tela, o bichinho de estimação engraçadinho... até torta na cara tem! Enquanto isso, a trama vai se desenvolvendo aos trancos e barrancos, da maneira mais previsível possível.
E qual é o enredo? Bem, o nome do filme entrega tudo, já de bandeja. Diane Keaton, péssima em cena, exagerada, repetindo à exaustão todos os seus trejeitos mais irritantes, é uma senhora que criou sozinha as três filhas. As duas mais velhas não passam de estereótipos - a única, com um pouquinho mais de destaque, é interpretada por Lauren Graham, do seriado "Gilmore Girls". Ela é uma psicóloga, e tenta, vez que outra, entender as loucuras da família. A do meio, vivida pela bela Piper Perabo, de DOZE É DEMAIS, praticamente não tem falas, aparecendo apenas para desfilar a bela figura. Já a caçula ganha corpo e voz da também cantora Mandy Moore, aqui investindo na carreira de atriz. Depois de pequenas participações em bobagens inofensivas como TUDO POR UM SONHO (2006), A GALERA DO MAL (2004) e UM AMOR PARA RECORDAR (2002), ela finalmente ganha um papel de protagonista. Melhor seria continuar como coadjuvante.
O problema da mamãe (viúva? separada? desquitada? solteira? não se sabe...) é que, apesar das duas filhas mais velhas estarem bem casadas e encaminhadas na vida, ela não se conforma com os fracassos românticos da menor. E por isso resolve se intrometer, colocando um anúncio na internet para encontrar o par ideal para a pequena. O selecionado é um jovem arquiteto, muito rico, chique, refinado e chato. Um pastel de vento. Neste meio tempo surge outro rapaz no caminho da moça, um músico que cria sozinho o filho. Ele a encanta com seu jeito natural e sincero. Por qual dos dois a garota irá se decidir?
Michael Lehmann, diretor do também chatinho, porém um pouco mais interessante, 40 DIAS E 40 NOITES, com Josh Hartnett, coordena este novo fracasso. Ao invés de tentar se bastar no carisma das atrizes, ele força por demais a barra, abusando da comédia visual e desproporcional, com piadas que constrangem o espectador. Uma atriz como Keaton, vencedora do Oscar por NOIVO NEUTÓTICO, NOIVA NERVOSA (1977), de Woody Allen, e presente em títulos como O PODEROSO CHEFÃO (1972), REDS (1981) e ALGUÉM VAI TER QUE CEDER (2003), não precisaria dessa cataástrofe no currículo (apesar dela ter também uma boa quantia de bombas no passado). Vergonhoso!
MINHA MÃE QUER QUE EU CASE, ou "Because I Said So", é embaraçoso. Sem ritmo, dirigido por descuido com um cineasta amador e defendido por um elenco completamente perdido em suas intenções, se salva apenas pelo interessante Gabriel Macht (UMA CANÇÃO DE AMOR PARA BOBBY LONG), um ator que merece ser descoberto. No mais, a trilha sonora óbvia, o roteiro linear e o figurino assustador terminam por afugentar até o mais bem intencionado da platéia. Evite com todas as forças!

Minha Mãe Quer Que Eu Case, EUA, 2007
(nota 2)

3 comentários:

Anônimo disse...

Talvez o filme nao seja um candidato ao Oscar de melhor roteiro original, e nem seja um daqueles cheios de coisas inesperadas, mas o fato é que eu e um grande publico amam simplesmente filmes assim... Filmes doces... filmes em familia, onde vc sabe que no final vai terminar tudo bem. Muito disso, pq a vida já eh dificil. Buscamos duas horinhas de conforto emocional... pq nao precisamos o tempo todo estar adquirindo cultura, vendo violencia e levando sustos... Conforto eh bom... Acreditar em finais felizes torna o dia mais leve... Abraço!

P.S.* Adoro a Mandy Moore... e o Gabriel Macht estao otimos no filme!

robledo disse...

Lelly, eu tb gosto de filmes "bobinhos", como tu disse. Mas desde que sejam bem feitos! E são vários os exemplos assim: QUATRO CASAMENTOS E UM FUNERAL, O CASAMENTO DO MEU MELHOR AMIGO, LETRA & MÚSICA, SIMPLESMENTE AMOR... Agora, torta na cara ninguém merece, não concorda?

Anônimo disse...

sabem..
não acho que o filme esteja ruim..
o fato de ele ser como tantos outros não pode ser o suficiente para taxa-lo dessa forma tão despresível. Se não, quem ganharia o oscar? Adorei o filme quando assistir e tenho vontade de assistir novamente. O bom nele não é o seu grande roteiro, e sim as coisas simples. já ouviu falar que a beleza da vida está nas coisas mais simples? pois bem. me diga em que outro filme um gato como o Gabriel Macht vem oferecer um sorvete, em mesmo a personagem mandando ele pastar ele continua e pergunta pq não pegar o sabor preferido dela? uma coisa tão simples, tão besta que arremata o coração de qualquer uma. talves a beleza do filme seja você ver como os "clichês" podem ainda ser fofos, se vistos com outros olhos.
Just a thought...