A idéia de um longa-metragem com Os Simpsons, adaptando para a tela grande os personagens que há quase duas décadas reinam absolutos na telinha como uma das mais inteligentes, populares e sarcásticas animações para adultos e crianças dos 8 aos 80 anos, era, no mínimo, uma aposta arriscada. Afinal, por quê levar para outra mídia algo que já tinha sucesso comprovado num campo específico? Mas, como no mundo do entretenimento global a palavra de ordem é a "interação", as múltiplas associações possíveis para aumentar o potencial de todo produto bem sucedido, essa transposição era quase inevitável. O bom, portanto, é notar que ela foi feita com o menor ruído possível, e o resultado é tão bom quanto um dos melhores episódios da série na televisão.
Aliás, OS SIMPSONS, O FILME nada mais é do que um destes episódios, digamos, "vitaminado" - o que, por sinal, só conta a favor! Assim, os melhores elementos do seriado são potencializados. A trama começa com uma aposta estúpida entre Homer (o pai) e Bart (o filho) que termina com o mais velho adotando um porco como animal de estimação. Apesar dos protestos de Lisa (a filha) e da promessa que fez à Marge (a esposa), ele acaba jogando as sujeiras do bicho no lago municipal, causando um desastre ecológico. Para conter o problema o presidente Arnold Schwarzenegger, por meio de um assessor muito mal intencionado, decide isolar a cidade de Springfield numa redoma de vidro. A família Simpson consegue fugir antes de ser linchada, foge para o Alasca e no final retorna, salvando todos de uma tragédia ainda maior!
Apesar de orçado em US$ 75 milhões, as previsões iniciais dos analistas especializados imaginavam uma arrecadação nos cinemas norte-americanos em torno de US$ 60 milhões (sem contar o mercado de dvd e os demais países). Pois bem, em cerca de dois meses em cartaz OS SIMPSONS, O FILME já arrecadou quase US$ 200 milhões só nos Estados Unidos e cerca de US$ 500 milhões em todo o mundo! Isso dá uma noção de que, mesmo após 18 anos no ar, tem muita gente disposta a pagar ingresso para assistir a algo que "passa todos os dias de graça na tv" (como ironicamente afirma uma das primeiras piadas do filme).
Isso sem falar do excelente retorno da crítica (88% de aprovação no Rotten Tomatoes), que aponta principalmente a fidelidade da adaptação ao espírito original da série. É mais do mesmo? É, sim. Mas qual o problema disso? Se a matéria prima é boa, o conselho é aproveitar ao máximo esta nova aventura, que dá mais espaço a alguns personagens secundários (Flanders, por exemplo), explora melhor as relações familiares entre os Simpsons (o que cada membro pensa sobre o outro nunca havia ficado tão claro) e ainda consegue oferecer novidades e ousadias, como a nudez de Bart e as participações de Tom Hanks e da banda Green Day. OS SIMPSONS, O FILME entrega ao público justamente o que promete - e já tá mais do que bom!
The Simpsons Movie, EUA, 2007
(nota 8,5)
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