Produzido pela Aardman, a mesma responsável pelos geniais "Chicken Run" e "Wallace & Gromit: The Curse of the Were-Rabbit", "Flushed Away" ("Por Água Abaixo") marca a estréia na direção da dupla David Bowers e Sam Fell (esse também co-autor do roteiro), que ocupam o lugar até então ocupados pelos criadores da companhia, Nick Park e Peter Lord (outro co-autor do roteiro de "Flushed"). Bowers e Fell se saem bem nesta nova responsabilidade, mas não à altura dos seus chefes. O novo filme é bonito, visualmente encantador e bem movimentado, mas desprovido de um humor mais ácido e de um enredo consistente.
Primeira experiência da Aardman no campo da animação digital, "Flushed Away" tenta reproduzir, numa nova tecnologia, o mesmo visual dos filmes anteriores, realizados com massinha de modelar. O resultado é curioso, apesar de ressentir de uma 'autenticidade' artística. Parece ser uma cópia, ao invés de uma inovação.
Se a aparência não chega a ser revolucionária, a trama, por outro lado, também não irá chocar ninguém, quanto mais surpreender. Roddy (voz de Hugh Jackman) é um rato de apartamento - vive sozinho em sua gaiola, numa bela casa londrina - e quando seus donos saem de férias ele acredita estar vivendo num paraíso, cercado de facilidades eletrônicas, brinquedos infantis e outros prazeres. Mas isso tudo acaba quando surge, vindo direto do esgoto da pia da cozinha, um ratão muito malandro e cheio de más intenções. O que acontece em seguida é que o novo inquilino logo toma conta do lugar, com Roddy sendo mandado, literalmente, 'por água abaixo'.
Muitos canos e tombos depois, ele chega a uma cidade subterrânea que é uma réplica da Londres da superfície, porém só habitada por ratos. No desespero para voltar à casa, acaba encontrando Rita (voz de Kate Winslet), e se envolvendo, ao lado dela, numa trama de rubis, sapos mafiosos e um plano mirabolante destes para acabar de vez com o universo dos ratos. E para impedir que isso aconteça, Roddy terá que mostrar seu verdadeiro valor e decidir o que quer para o seu futuro.
"Flushed Away", apesar de algumas boas piadas mais satíricas, deve funcionar muito melhor com o público infantil do que com os adultos. Algumas tiradas são tipicamente inglesas, o que deve limitar ainda mais seu espectro de audiência. Outro fator é a repetição de fórmulas já usadas no gênero, como as lesmas, que apesar de inegavelmente divertidas, são uma nova versão dos pingüins vistos em "Madagascar". Ou seja, a sensação de estarmos diante de um prato requentado é inevitável.
Os fracos resultados junto à crítica (foi indicado apenas ao Bafta, o Oscar inglês, de Melhor Longa de Animação do Ano, tendo sido ignorado nas premiações norte-americanas, como o Oscar e o Globo de Ouro) e nas bilheterias (arrecadou, nos Estados Unidos e na Inglaterra, menos de US$ 90 milhões, apesar de ter custado mais de US$ 140 milhões) comprovam um desempenho bem abaixo do esperado. Pelo jeito, o melhor mesmo seria voltar para as massinhas...
Flushed Away, Reino Unido/Estados Unidos, 2006
(Nota: 7)
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