segunda-feira, dezembro 18, 2006

Aqui nasceu Portugal






Guimarães é uma cidade bem ao norte de Portugal, cerca de uma hora de trem de distância da cidade do Porto, onde se fazem os famosos vinhos conhecidos mundialmente. Guimarães, por outro lado, é importante por ter sido cidade natal do rei Afonso Henriques, responsável pela formação de Portugal em uma nação há quase um milênio, lá pelos idos de 1.100 d.C.. Ou seja, quando Portugal se unificou, Guimarães foi sua primeira cidade, e, consequentemente, a primeira capital do país. Pra se ter uma idéia mais próxima, hoje em dia é mais ou menos como Piratini e o Rio Grande do Sul (Piratini foi a capital farroupilha, mas hoje em dia praticamente não existe). Guimarães tem um centro histórico muito bem preservado, tudo muito bonito, mas não tem a menor relevância política, social ou econômica no país. É uma curiosidade hístórica, nada mais.
A grande chamariz turístico do local é mesmo o tal mérito de ser ali que "nasceu Portugal". Mas eu me encantei pela cidade. Pequena, dá pra se conhecer praticamente tudo à pé. O principal ponto de interesse é o Castelo, datado de mais de mil anos, construído pela Condessa Mumadona. Mas há até um brasão de uma homenagem brasileira, de 1940, embaixo de uma estátua do Rei Afonso Henriques, homenageando a cidade berço da sociedade portuguesa. Não é um lugar imprescindível de se conhecer, mas quem tiver tempo e disponibilidade de vir até aqui, certamente não irá se arrepender. Acho que as fotos aqui postadas dão uma boa idéia do quanto foi gostoso ter passado por Guimarães!

Saramago em Mafra




Um dos principais romances do escritor português José Saramago é "Memorial do Convento", que aliás até já foi adaptado para o teatro no Brasil, com Letícia Sabatella à frente do elenco. O livro fala da promessa que o rei português teria feito de que, caso sua esposa engravidasse, ele construiria um convento. A lenda diz que o padre confessor da rainha já saberia, por meio da confissão, que ela estava grávida, e por isso convenceu o rei desse juramento. A criança nasceu, e nada dele cumprir o que havia prometido. Anos depois, a rainha engravidou novamente, mas desta vez o bebê morreu muito pequeno. Acreditando ter isto acontecido como castigo dos céus, o rei então criou vergonha na cara e mandou construir o tal convento. Mas, como tinha ele mania de grandeza, o que era para ser um convento para 13 padres acabou no maior palácio de todo Portugal, capaz de abrigar a Família Real e mais de 300 frades! Toda esta loucura, que envolveu mais de 52 000 operários na construção (quase toda a população masculina do país, em idos do séc. XV), está relatada no livro de Saramago, e o resultado pode ser conferido ao vivo aqui em Mafra, no Palácio Nacional da cidade! Nestas fotos ele aparece ao fundo, porque infelizmente dentro dele não é permitido tirar fotos. Mas a beleza é impressionante, tudo feito com o ouro e com as madeiras vindas do Brasil. Um retrato maravilhoso de uma época distante, marcado para sempre numa das maiores fortalezas européias!

O AMOR NÃO TIRA FÉRIAS

"O Amor não tira Férias" é um bom título nacional para o romântico "The Holiday", novo sucesso de público da diretora Nancy Meyers, a mesma dos milionários "Alguém Tem que Ceder" e "Do Que as Mulheres Gostam". Depois de brincar com o amor na terceira idade (ou seria a segunda? Afinal, Jack Nicholson e Diane Keaton já passaram dos 60...) e com os pensamentos femininos (Mel Gibson que o diga), Meyers agora praticamente copia a trama de uma pequena produção inglesa de 2005, "Tara Road", com Andy MacDowell ("Quatro Casamentos e Um Funeral") e Olivia Williams ("O Sexto Sentido") no elenco, já lançado em dvd no Brasil e disponível nas locadoras. Ou seja, duas mulheres, uma norte-americana e outra inglesa, ambas infelizes no amor, se conhecem num chat pela internet e decidem trocar de casas. Ao se verem em países diferentes, acabam descobrindo que o amor é muito mais simples do que imaginavam.
Escrito especificamente para os atores Cameron Diaz, Kate Winslet e Jack Black, a única alteração no quarteto de protagonistas foi Hugh Grant, que não pode aceitar e terminou substituído por Jude Law. Cameron é a cara do filme e a história dela tem muito mais destaque. Ao descobrir uma traição do namorado (Edward Burns, de "O Resgate do Soldado Ryan"), ela larga a ensolarada Los Angeles e parte para uma nevada Inglaterra. Lá conhece o irmão de Winslet, Law, e logo termina na cama com ele. Os dois se apaixonam, e o mistério será como lidar com a situação. Muito mais complicado é o episódio de Kate, uma jornalista frustrada apaixonada por um colega (Rufus Sewell, do "A Lenda de Zorro") que não lhe corresponde a altura. Decidida a mudar de vida, ela aceita ir para os Estados Unidos sem um propósito muito claro em mente: o que quer, sim, e deixar para trás todas as tristezas e dar um pouco de luz a sua vida. Lá ela vai conhecer um vizinho (Eli Wallach, do "O Poderoso Chefão 3"), um senhor que foi um roteirista muito importante em Hollywood, e um compositor de trilhas sonoras (Jack Black, de "King Kong"), envolvido numa relação destinada ao fracasso, e que logo irá se interessar por ela também, num relacionamento que demorará mais para começar, mas que mesmo assim poderá render bons momentos.
Quem tem costume de ler meus comentários cinematográficos sabe que não sou muito fã de comédias românticas. E isso por um motivo muito simples: elas são TODAS iguais. É sempre o casal do poster se conhecendo, se apaixonando, se separando e ficando junto novamente no final. O que mudam são os atores e os cenários, pq a fórmula é sempre a mesma. E dessa vez não é diferente. O que muda é o talento dos protagonistas, todos muito à vontade em cena, aparentando estarem se divertindo tanto quanto nós do lado de cá da tela. O resultado é ótimo dos dois lados.
Kate e Jude confirmam a supremacia do talento inglês, mas Cameron e Black não ficam muito atrás. Diaz começa mais devagar, meio atrapalhada, mas logo pega o rumo. Black está mais contido, menos histriônico, e é o que menos aparece do quarteto central, mas ainda assim rende bos momentos. O grande problema é que entre ele e Winslet não há nenhuma química, ao contrário de Diaz e Law, que fazem a tela do cinema pegar fogo quando estão juntos. Mais romance do que comédia, é um filme com altos e baixos, mas que merece ser conferido com bons olhos, ainda mais numa época tão carinhosa como a atual. "O Amor não tira Férias" não vai mudar a vida de ninguém, mas certamente irá garantir uns bons 120 minutos de muita alegria e descontração.

The Holiday, EUA, 2006
(Nota 7,5)

ERAGON

Dirigido pelo desconhecido Stefen Fangmeier (foi diretor de segunda unidade no ótimo "Heróis Fora de Órbita" e no péssimo "O Apanhador de Sonhos"), que aqui estréia como realizador, "Eragon" nada mais é do que uma cópia mal feita da trilogia "O Senhor dos Anéis". Apesar do aspecto "A", tudo resulta em uma produção "B", de segunda categoria. O protagonista Ed Speleers (também novato) não convence em nenhum momento, sem empatia ou convicção, sem a emoção de um Aragorn ou o carisma de um Frodo (ele é um amálgama destes dois personagens, o herói descoberto ao acaso que precisa salvar um povo, ao mesmo tempo que tem uma grande, e poderosa, tarefa a cumprir). Os coadjuvantes, estes sim com algum gabarito, estão todos muito apagados. Jeremy Irons vem se especializando na figura do melhor amigo, sempre no ponto morto (como visto em "Casanova", "Cruzada", "Adorável Júlia" ou "Callas Forever", só para ficar nos mais recentes). Djimon Hounsou e John Malkovich mal aparecem - devem ganhar mais destaque numa segunda ou terceira parte (sim, também se trata de uma trilogia!). Robert Carlyle parece ter se divertido um pouco mais, mas nada comparável a única participação digna de nota - Rachel Weisz, que marca presença como a voz do dragão Saphira. Sem ter que enfrentar uma maquiagem horripilante e figurinos mais do que requentados, ela consegue transmitir alguma graça ao longa, num desempenho quase tão memorável quanto o de Sean Connery em "Coração de Dragão" (1996), filme este, aliás, que possui uma estrutura narrativa muito semelhante a deste novo projeto.
E qual é a trama? Pois bem, acompanhe e veja se não é muito similar (também) ao "Senhor dos Anéis": um garoto pobre encontra objeto valioso (no caso, um ovo de dragão), e descobre que deverá ser o cavaleiro deste novo animal, e, assim, liderar seu povo contra a opressão de um rei malvado. Ele é treinado para a tarefa, até que surgem duas grandes novidades - a morte do mestre e o surgimento de uma ajuda inesperada (igual à "A Sociedade do Anel"). Assim, com um novo grupo, ele parte para ajudar os rebeldes, último ponto de resistência dos homens contra o vilão. Após uma grande batalha, ele é sim um herói, e parte para enfrentar de vez o inimigo mortal (não é idêntico à "As Duas Torres"?). O filme acaba no ponto exato da maturidade do protagonista, quando ele e o Rei devem se encontrar para decidirem seus destinos (o que virá a ser "O Retorno do Rei", ou alguém ainda duvida?).
Escrito pelo jovem Christopher Paolini quando ele tinha apenas 15 anos, "Eragon" foi um fenômeno literário nos Estados Unidos próximo à "Harry Potter" no seu lançamento. Por isso o interesse de Hollywood pelo material. Mas a base é muito fraca, e somente o fãs mais cegos do livro irão apreciar a adaptação cinematográfica. Depois de termos um "Senhor do Anéis" ou mesmo os "Harry Potter" tão bem realizados, o nível de exigência cresceu muito, e este aqui não tem méritos suficientes nem mesmo para satisfazer o espectador meramente curioso. Chato, sem novidades e pouco relevante, deve cair no esquecimento muito em breve. Ao menos podemos torcer por isso, certo?

Eragon, EUA/ING, 2006
(Nota 3)


MARIE ANTOINETTE

"Marie Antoinette" é o terceiro filme da diretora e roteirista (e, felizmente, ex-atriz) Sofia Coppola. A primeira vez que a filha de Francis Ford Coppola chamou atenção do mundo artístico foi em sua desastrada participação no elenco de "O Poderoso Chefão 3", no papel da filha de Michael Corleone (Al Pacino), personagem, aliás, que fora recusado por Winona Ryder. Até hoje ela é apontada como uma das principais causas do fracasso do terceiro episódio da saga dos Corleone (nem a acho tão ruim assim... mas enfim...). Depois deste vexame, nada melhor do que se reinventar. E ela assim o fez, dedicando-se a carreira de roteirista e realizadora cinematográfica de culto. A estréia foi em 1999, com o ótimo "As Virgens Suicidas". Depois veio o superestimado "Encontros e Desencontros" (Lost in Translation), um filme que até hoje não entendo como pode ter sido tão bem recebido pela crítica que se diz especializada, além de ser objeto de culto para uma legião de fãs. Pois bem, com o lançamento de "Marie Antoinette" percebe-se que a exceção na carreira de Sofia foi o primeiro longa, e não o segundo. "Marie Antoinette" é tão chato - se não ainda mais - do que "Encontros e Desencontros".
A história é baseada na biografia escrita por Antonia Fraser da mais controversa rainha francesa de todos os tempos. Austríaca de nascimento, ela foi enviada para a França ao fazer parte de um acordo político para desposar o príncipe Louis XVI (Jason Schwartzman, filho de Talia Shire, primo de Sofia e de Nicolas Cage e sobrinho de F.F.Coppola). Antes mesmo dos 18 anos ela acaba virando rainha, e se vê no meio das intrigas da corte, da obrigatoriedade de gerar herdeiros, das frivolidades do reino e do pouco caso com o povo. Como todos sabem, Maria Antonieta entrou para a história ao dizer a frase "Se o povo reclama por não ter pão, que lhes dêem brioches!" (suposição contestata no próprio filme). Foi o reinado dela e de Louis XVI que terminou com a Queda da Bastilha, com a revolta do povo e com suas cabeças rolando na guilhotina. Mas a jovem Coppola não se preocupa muito em revelar o contexto político e social da época, se fixando mais nas inquietações pessoais da rainha, no cotidiano dela e em devaneios oníricos, que até rendem imagens bonitas, mas estão longe de resultarem num filme interessante.
"Marie Antoinette" corre o risco de nem ser lançado comercialmente nos cinemas brasileiros, devido o fraco desempenho da obra internacionalmente. Talvez saia em fevereiro, março, ou mesmo direto em dvd. Aqui em Portugal não ficou muito tempo em cartaz. Ao estrear, durante o Festival de Cannes, chegou cheio de expectativas, mas após a exibição já gerava controvérsias, entre os que adoraram e - a maioria - os que o qualificaram como "grande perda de tempo". Eu, sinceramente, fico neste segundo grupo. Além de longo (quase 130 minutos...), é também 'pseudo-moderno', com uma aura pop que não se confirma - além da trilha sonora roqueira, com canções do New Order, Strokes, Air e The Cure, há somente um insólito par de tênis Converse All Star no meio dos sapatos da rainha, e mais nada. O resto é por demais empolado, com um figurino exagerado e cenários impressionantes, mas nada diferente do que já se viu em diversas produções similares. Ou seja, é mais do mesmo.
Kirsten Dunst, a protagonista, repete a parceria com Sofia (esteve tb em "As Virgens..."), mas sem o encanto e o empenho vistos anteriormente. Ela parece dormente, muito distante da imagem que temos dela e da própria personagem que está interpretando. Jason é outro que aparece bastante distante do tipo esquisito e interessante visto em filmes como "A Garota da Vitrine", "Huckabees" e "Rushmore". No resto do elenco, é interessante constatar o desperdício das participações de Judy Davis ("Separados pelo Casamento") e Steve Coogan ("Finais Felizes"), dois atores que certamente poderiam ter rendido muito mais do que aqui presenciamos.
"Marie Antoinette" é longo, chato, enfadonho e nada instigante. Como um grande videoclipe, se perde em cenas intermináveis, e pequenas tramas que a nada levam e em nada acrescenta e uma figura histórica tão relevante como a retratada. Mais do que um desserviço, é sim um desperdício de oportunidade, que, se não chega a afetar os envolvidos no elenco (Kirsten, afinal, vem aí em "Spiderman 3"), talvez sirva para enterrar outras ousadias pretensiosas da caçula dos Coppola.

Marie Antoinette, EUA/FRA/JAP, 2006
(Nota 4)

Alfama, Lisboa


"É difícil acreditar que este bairro modesto já foi o mais valorizado de Lisboa. Para os mouros, a cidade se resumia a estes becos espremidos ao redor do Castelo de São Jorge. A decadência começou na Idade Média, quando os ricos habitantes, temendo terremotos, mudaram-se, deixando o lugar para pescadores e mendigos. Os edifícios sobreviveram ao terremoto de 1755 (que destruiu metade da cidade!) e, apesar de não existirem mais casas mouriscas, o bairro ainda possui um traçado de kashah. Casas sólidas se alinham em íngremes ladeiras e escadarias, com fachadas cheias de varais com roupas penduradas." (Guia Visual Folha de São Paulo - Portugal).

Pois então, estive no bairro de Alfama, e realmente é difícil de acreditar que este já foi o mais rico de Lisboa. Tudo é muito pequeno, apertado, medieval, mesmo. Mas é lindo tb. Aqui ficam as principais casas de fado da cidade. As tradicionais são as mais badaladas, caras e procuradas. Mas há também aquelas de "fado vadio", como chamam, que são as em que qualquer pessoa, com cara de pau suficiente, pode entrar e cantar do jeito que quiser. E que seja cada um por si, hehe! Nestas fotos eu apareço diante do mapa de Alfama, da Casa dos Bicos (construída em 1523) e em alguns outros becos e palácios. Cool, isn't it?

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Descubra o Lado "Secreto" da Força!







Um programa imperdível em Lisboa nesta temporada é a Exposição Star Wars, que vai até o dia 14 de janeiro de 2007 no Museu da Eletricidade, no bairro de Belém. Depois de passar por diversas cidades ao redor do mundo (São Francisco, Londres, Paris), chega agora à capital portuguesa.

São todos artigos e objetos originais, os mesmos usados nos próprios seis filmes da saga criada por George Lucas. A visita segue uma ordem cronológica, mostrando os planetas da galáxia de acordo com a ordem em que eles vão aparecendo nos filmes. Começa-se por Tatooine ("A Ameaça Fantasma", terra natal de Anakin Skywalker, o futuro Darth Vader), depois Coruscant (terra do Senador Palpatine), Naboo (planeta da rainha Amidala), Hoth (onde fica o mítico Yoda), Tatooine novamente (agora nas cenas com Luke Skywalker, em "Uma Nova Esperança", o filme original de 1977), lua de Endor (terra dos fofinhos Ewoks, de "O Retorno de Jedi") e Mustafar, além da Estrela da Morte e dos planetas Geonosis, Utapau e Kashyyyk. Telões com as cenas dos filmes, os figurinos, bonecos, detalhes dos cenários, storyboards, desenhos, maquetes, naves e muito mais. É de deixar qualquer um de queixo caído. Ainda mais pelo preço de 10 euros de entrada, tinha que valer a pena mesmo. E como valeu! As fotos aqui dão uma pequena idéia de como é viver, ao menos por alguns minutos, como se estivesse dentro de um dos filmes da série. E para quem quiser saber mais, o site é www.exposicaostarwars.com.

The Gift




A música portuguesa tem me surpreendido positivamente desde que aqui cheguei. Claro que Roberto Leal continua a fazer sucesso entre um certo tipo de público (sim, eu me informei a respeito), e de existirem cantores e cantoras célebres por manterem as raízes, carregando a bandeira do fado (tem uma, chamada Mariza, que até ganhou recentemente o Grammy de World Music), mas os que têm despertado o interesse de um novo público são artistas preocupados em modernizar a imagem da música feita em terras lusitanas. Rodrigo Leão (um impressionante instrumentista, que já gravou com vários nomes, inclusive com a gaúcha Adriana Calcanhotto), David Fonseca e, principalmente, o grupo The Gift são os top de linha desta vertente: todos são muito cool, geralmente cantam em inglês (visando o público internacional, claro) e possuem estilos muito próprios.
Essas fotos aqui ao lado foram tiradas durante o concerto da turnê "Fácil de Entender", do The Gift. Marquei presença no sábado, dia 09/12, e foi realmente muito bom. O anfiteatro, no Centro Cultural Belém, é belíssimo, grande e muito próprio para este tipo de evento. o cenário impressionava com as luzes e com um visual encantador; as participações do coral eram sempre muito apropriadas; a banda é ótima. O The Gift existe desde o final dos anos 90, com quatro discos de estúdio já lançados, que só podem ser encontrados em alguns lugares específicos ou pela internet (www.thegift.pt). O "Fácil de Entender" é o quinto álbum, um cd duplo com as melhores canções da banda ao vivo, além de um dvd com o show completo, dividido em duas partes. Tudo visualmente muito bonito e profissional. Isso sem falar da música, ótima. O som deles é como uma mistura de "Björk, Pet Shop Boys, Everything But The Girl e Garbage", como definiu o Paulo (www.argumento.net/contexto). Canções como "Music" (não é uma versão do sucesso da Madonna), "Driving you Slow", "Ok! Do you want something simple?" e "Question of Love", além da óbvia "Fácil de Entender" (uma das únicas do grupo cantada em português) levaram o público ao delírio. Agora, imagina como o brasileiro aqui se sentiu quando eles entoaram um cover de "Índios", do Legião Urbana? Bah, muito legal. Certamente vale a pena conhecer. Eu já estou com dois cd's da banda na bagagem, e este show ficará para sempre registrado na minha memória!

Comendo travesseiros!

Se tem uma coisa que se faz bem aqui em Portugal são doces! Nossa, tem um melhor do que o outro. Mas os imperdíveis são, obviamente, aqueles originais, típicos daqui. Selecionei três deles que me levaram até as nuvens, e que vocês PRECISAM experimentar quando estiveram por estas bandas!
1. Travesseiro: é esse aí que eu apareço saboreando com muita satisfação na foto ao lado. É uma especiaria de Sintra, cidade que fica a menos de uma hora de Lisboa. Travesseiro é comprido, lembra um churros, mas é feito com massa folhada e o recheio é de doce de ovos com amêndoa. É simplesmente delicioso! Mas tem que provar o d'A Piriquita, no centro de Sintra! Gostei tanto que, num outro dia, encontrei no Shopping Colombo (o maior de Lisboa) uma lojinha chamada propriamente "As Delícias de Sintra", e pensei: "é claro que eles devem ter travesseiros!" Pois bem, eles tinham, mas não chegavam aos pés do original, da Piriquita.

2. Pastéis de Belém: esse é outro que tem que ser o original. Nós, no Brasil, conhecemos este doce por causa daquele similar bagaceiro vendido no Habib's. Pois bem, esse aí não passa de uma imitação barata e das mais vagabundas. Pois no bairro de Belém, em Lisboa, tem a única e verdadeira fábrica de Pastéis de Belém (www.pasteisdebelem.pt), que é uma loucura. Fomos lá num sábado à tarde, e devia, sem exagero algum, ter mais de duas centenas de pessoas, se empurrando, em filas ou - as mais sortudas - nas mesas, todas provando os deliciosos Pastéis de Belém. Como tava meio sem tempo - há muito o que se ver por aqui - entrei na fila perto do caixa e consegui, em menos de 30 minutos, sair de lá com um pacote de 6 pastéis. Comemos numa praça que tem na frente, mas exatamente como manda o protocole: com açúcar de confeiteiro e canela por cima! E a sensação foi indescritível!!!! Depois desses, Habib's nunca mais!
3. Torta de Azeitão: estava olhando o menu do café onde estava com uns amigos, quando esse nome me chamou a atenção. 'Torta de Azeitão'? De curioso, resolvi pedir (o fato de ser o mais barato do cardápio ajudou tb, he he), imaginando se tratar de algo com muito azeite, ou similar. Pois nada disso: a Patrícia, uma amiga portuguesa que estava conosco, explicou que é outro doce oriundo dos antigos mosteiros, feito pelas freiras que, após aproveitarem a clara dos ovos para engomar camisas e etc, utilizavam as gemas restantes na culinária. E Azeitão é uma região de Portugal conhecida por este doce. É um tubinho, com massa e creme de ovos, simplesmente delicioso, e bem leve. Come-se num estalo. Mas não, eu não repeti. Tenho que cuidar da silhueta, não?

Spiderman pelado?

Tá rolando a maior polêmica nos Estados Unidos - principalmente pela internet, óbvio - por causa deste desenho ao lado. Sim, é um homem idoso, deitado, que ao se sentar na cama percebe-se que está nu. Ou seja, o velho tá pelado. O problema é que não é um coroa qualquer, e sim Peter Parker - pra quem não sabe, esta é a identidade secreta do herói Homem-Aranha! Essa cena aparece na minissérie Spiderman: Reign, já à venda nos EUA e que no Brasil deve chegar só no ano que vem, com sorte. A trama da série se passa no futuro, com Parker já velho e atormentado pelo fantasma da Mary Jane (esposa dele). A causa de toda esta "celeuma" é pq não colocaram um aviso na capa do gibi, falando da nudez do herói para alertar as pobres criancinhas. Isso me lembra o episódio do seio da Janet Jackson, que apareceu no show do Superbowl há alguns anos. Ou seja, é mais uma caretice norte-americana descabida. Se fosse algo explorativo, violento ou notoriamente sexual, mas um homem idoso com seu pênis flácido... por favor, se não deixam mais nem os super-heróis em paz, onde vamos parar?

segunda-feira, dezembro 11, 2006

A CIÊNCIA DOS SONHOS

Felizmente está sendo exibido ainda aqui em Lisboa o novo filme do diretor Michel Gondry, "A Ciência dos Sonhos". Primeiro trabalho deste realizador também como roteirista, este filme resulta numa obra inferior ao seu longa anterior, o oscarizado "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" (Melhor Roteiro para Charlie Kaufman), mas infinitamente superior a 90% do que estamos habituados a ver nos cinemas geralmente. Criativo, original e repleto de méritos, "Ciência..." é um verdadeiro deleite para quem procura algo extremamente diferente, porém longe de ser "cabeça", chato e hermético.
O cada vez melhor Gael Garcia Bernal (que vem aí também em "Babel") é o protagonista Stephane, um jovem mexicano que volta para Paris, convencido pela mãe (francesa), após a morte do pai (também mexicano). Acreditando que irá trabalhar como designer numa fábrica de calendários, ao chegar lá descobre que seu trabalho é muito mais burocrático do que imaginava. Cansado do tédio do cotidiano, ele cada vez encontra mais dificuldade de se desvencilhar do mundo que encontra ao dormir, interpretado por ele como uma "Stephane TV". As coisas começam a mudar quando conhece sua vizinha de porta, Stephanie (a inglesa Charlotte Gainsbourg, vista também em "21 Gramas"). A garota é a única que consegue lhe proporcionar tanto entretenimento e diversão como quando está dormindo. Porém uma incerteza lhe corrói: cada vez mais apaixonado por ela, não sabe se ela irá lhe corresponder estes sentimentos.
Com um elenco excepcional - que conta ainda com as presenças de Alain Chabat ("Xuxu" e "Asterix e Obelix: Missão Cleópatra") e da mítica Miou-Miou ("Uma Leitora Bem Particular") - "A Ciência dos Sonhos" apresenta ao seu público um enredo fantástico, porém sem nunca subestimar a inteligência da audiência. Intercalando constantemente o que se passa na "vida real" e no "mundo dos sonhos", o filme consegue proporcionar momentos de extremo prazer crítico, além de nos oferecer opções visuais muito interessantes, como as soluções imaginativas das viagens oníricas dos protagonistas, como carros de papelão e água de celofane.
Com um custo baixíssimo - meros US$ 6 milhões - e filmado quase que inteiramente em estúdio (algumas poucas cenas revelam uma Paris longe dos olhos dos turistas - este é um legítimo 'filme de culto', que tem tudo para ser venerado por aqueles mais perspicazes, enquanto que os que se recusarem a abraçar esta incrível viagem estarão deixando passar uma das melhores experiências cinematográficas da temporada.

La Science des Rêves, FRA/ITA, 2006

(Nota 9)

Vaz

Caso alguém não saiba, meu nome completo é Robledo Milani Vaz. Sim, tem um Vaz no fim, de origem paterna e, obviamentente, antecedência portuguesa. Por motivos que não cabem ser discutidos aqui, assino apenas Robledo Milani, mas seria mentira se afirmasse não ter ficado um pouco curioso em encontrar por aqui alguma referência a este lado da família, já que estou em terras, digamos, natais. País de Luíz Vaz de Camões e Pero Vaz de Caminha (meus dois antepassados mais ilustres), pensei que iria me cansar de tantos "Vaz" por todos os lados, mas que nada! Não os vejo em lugar nenhum, continuo sendo único, hehe! A única referência, claro, além do próprio Camões, foi nesta placa exibida na entrada do refeitório do Mosteiro dos Jerônimos, um dos lugares mais belos de toda Lisboa, no bairro de Belém. Este tal de Leonardo Vaz foi um dos responsáveis pelo lugar, e como é mesmo muito bonito, fiquei feliz.
Por outro lado, no Palácio Nacional de Sintra (na foto é a construção atrás de mim), um lugar encantador, há a Sala dos Brasões, onde "o teto em domo deste majestoso salão está decorado com cervos segurando os brasões de armas das 74 famílias nobres portuguesas" (Guia Visual Folha de São Paulo: Portugal, página 158). Agora eu pergunto: estava lá o brasão da Família Vaz? Claro que não! Tinha os Ribeiros, os Silva, até os Tavares, mas nada dos Vaz! Tsc tsc tsc...

sábado, dezembro 09, 2006

O PERFUME


Tenho um amigo que considera o livro "O Perfume", de Patrick Süskind, um dos melhores que já leu em toda a sua vida. Eu, por outro lado, nunca tinha ouvido falar. Mas, com um pouco de pesquisa, descobri que a tal história do rapaz que nasceu na França em plena Idade Média e que possui o extraordinário dom de sentir TODOS os odores do mundo, apesar dele próprio não possui cheiro algum, é mesmo bem badalada. Tanto que agora chega às telas em formado de filme. Cineastas como Steven Spielberg, Stanley Kubrick, Tim Burton e Ridley Scott desistiram de adaptar o romance por considerá-lo infilmável, e a tarefa coube ao alemão Tom Tykwer, de "Corra, Lola, Corra". E o que ele entrega agora é um filme que demora para engrenar, mas tem muitos bons méritos, além de um final impressionante - apesar de ser acusado de ser literário demais por aqueles que leram o livro.
Com um elenco internacional, que traz nomes como Dustin Hoffman ("Rain Man"), Alan Rickman ("Harry Potter") e Rachel Hurd-Wood ("Peter Pan"), o papel de protagonista ficou com o semi-desconhecido Ben Whishaw ("Stoned"). Todos estão muito bem, se nenhum destaque, entretanto.
Produção mais cara da história do cinema alemão - custou cerca de 50 milhões de euros - "O Perfume" deve fazer a festa dos fãs do livro, apesar de não decepcionar o espectador casual. Como mero curioso, eu cheguei a cansar com a longa duração - 2h30 - mas me surpreendi com algumas boas soluções visuais. Outros pontos, entretanto, não são muito bem explicados - o porquê dos assassinatos, por exemplo - mas nada a ponto de comprometer o resultado final. "O Perfume - A História de um Assassino" não chega a ser imperdível, mas garante bons momentos de diversão.

Perfume: The Story of a Murderer, ALE/FRA/ESP, 2006
(Nota 6,5)

Castelo de São Jorge






E antes que alguém reclame, mais algumas fotos das minhas andanças por Portugal. Um dos lugares mais interessantes de Lisboa, visita imprescindível para qualquer um que venha a capital portuguesa, é o Castelo de São Jorge. Num dos pontos mais altos da cidade, ele oferece uma vista impressionante. Agora fiquem com um pouco de história do local:

"Após reconquistar Lisboa dos mouros em 1147, o rei Afonso Henriques transformou a cidadela mourisca do topo da colina na residência dos reis portugueses - o castelo de São Jorge. Em 1511, Manuel I ergueu um palácio mais luxuoso, na atual praça do Comércio, e o castelo se transformou em teatro, prisão e depósito de armas. Após o terremoto de 1755, a fortaleza ficou em ruínas até 1938, quando Salazar começou uma reforma geral, reconstruindo as muralhas 'medievais' e acrescentando jardins e aves selvagens. O castelo pode não ser autêntico, mas os jardins e as ruas do bairro de Santa Cruz, dentro das muralhas, oferecem boas caminhadas e ótimas vistas de Lisboa." (Guia Visual Folha de São Paulo - Portugal, página 78)

Estas fotos são todas no Castelo. Da entrada até a vista que se tem nas muralhas.

Festival de Cinema de Brasília 2006


Antes de continuar minha peregrinação européia, quero falar um pouco sobre minha passagem pelo Festival de Cinema de Brasília, onde estive entre os dias 25 e 28 de novembro (os quatro últimos do evento).

Foi legal, até pq foi minha primeira vez neste que é o evento cinematográfico mais antigo do país. E também interessante para perceber as diferentes deste com o Festival de Gramado. Enquanto na Serra Gaúcha é tudo festa e glamour, na Capital Federal o lance é bem mais sisudo, compenetrado. Nestes quatro dias consegui assistir a apenas 3 filmes (os premiados "Batismo de Sangue", melhor diretor para Helvécio Ratton, e o grande vencedor "Baixio das Bestas", de Cláudio Assis, além de "Hércules 66", documentário exibido fora de competição), mas deu para sentir que lá o negócio é mais embaixo. Não que seja melhor ou pior do que Gramado: é apenas outro foco. Na verdade, penso que um bom festival deveria conseguir reunir o melhor destes dois mundos: discussões sérias e muita atenção aos filmes em competição, como também bons momentos para o público, com artistas, celebridades e muita badalação.

Brasília é uma cidade muita estranha. Ninguém caminha nas ruas lá. Tudo é feito de carro, já que todos os lugares ficam muito distantes uns dos outros. Sendo assim, o Festival tinha que acontecer dentro de lugares fechados - no Hotel Nacional, onde fiquei hospedado e onde se encontrava tb praticamente TODO mundo que estava na cidade em função do festival, e no Cine Brasília, onde eram exibidos os filmes da mostra competitiva. Acho que, se eu encontrasse algum transeunte no outro lado da calçada e lhe perguntasse "Quando acontece o Festival de Brasília?", provavelmente a resposta que eu teria seria "Que festival?". Ou seja, o evento é só para os interessados, não para o grande público.

Confirmando isso, só estavam por lá os integrantes dos filmes concorrentes. Não tem aquele festival de celebridades e "membros da 'Malhação'", como acontece em Gramado. Como estava realizando a cobertura jornalística, para uma edição especial do Programa de Cinema (foi ao ar na última semana, com edição de Daniel Bacchieri, vcs assistiram?), tive a oportunidade de conversar com praticamente todos mundo que estava lá: Dira Paes, Matheus Nachtergaele, Cássio Gabus Mendes, João Miguel, Heitor Dhalia, Helvécio Ratton, Cláudio Assis, Caio Blat, Evaldo Mocarzel, Vladimir Carvalho, Silvio Tendler. Nenhuma surpresa, enfim. O Assis e o Blat foram os mais difíceis - o primeiro parecia estar sempre numa realidade paralela, enquanto que Blat era considerado "difícil" pela assessoria de imprensa (foi acusado de não comparecer a nenhuma das entrevistas pré-agendadas), mas consegui dois minutos com ele na noite da premiação - afinal ele é protagonista dos dois filmes mais premiados, "Batismo" e "Baixio".

Sobre os filmes? Olha, "Batismo" é bastante relevante, sério, intenso. Baseado no livro homônimo do Frei Betto, é sobre a participação de alguns frades no movimento guerrilheiro anti-militar na época da ditadura. Tem ainda no elenco Cássio, Daniel de Oliveira, Murilo Grossi, além dos gaúchos Júlio Andrade e André Arteche. Isso pq parte do filme se passa no RS - mesmo não tendo sido filmado no Sul. Mas os diálogos são muitos ruins, as cenas de tortura são em demasia e a trama demora um pouco para se fixar no que realmente interessa, que é a trajetória do Frei Titto (Blat). Mas merece ser visto. Já "Baixio" é para um público bem restrito. Tanto que, quando se anunciou o prêmio de Melhor Filme, metade da sala aplaudia e metade vaiava. Assis exagera no seu retrato da podridão humana no interior nordestino, e passa do ponto tão preciso que havia atingido em seu filme anterior, o excelente "Amarelo Manga". Algumas cenas de nudez, sexo e violência são gratuitas, enquanto que outras apresentam uma contundência por vezes revoltante, mas não menos necessária. Um longa para dividir opiniões e gerar polêmica, o que talvez afaste a discussão do que lhe verdadeiramente interessa.

Como não conhecia Brasília, valeu também pelo turismo. Com o carinho e a ajuda dos meus grandes amigos Adriana Timmers e Rafael Mônaco, pude conferir o melhor da cidade. Monumentos belíssimos, lógicas aparentemente estapafúrdias e muitos km de táxi marcaram minha passagem por lá. Ah, e tb a carne de sol, prato típico que encontrou em mim um apreciador. Quem sabe no ano que vem eu não repito a dose?

1.000 Lugares Para Conhecer Antes de Morrer


Estou meio viciado neste livro, o "1.000 Lugares Para Conhecer Antes de Morrer", da Patrícia Schultz (www.esextante.com.br). Já falei sobre ele aqui, e voltei pq o assunto é pertinente. Antes de vir para minhas férias européias, o peguei emprestado com um amigo (Cristiano, valeu!). Gostei tanto que fui e comprei um para mim (Cris, o teu tá lá em casa, se quiser pode ir buscar). E agora estou meio que guiando minhas visitas por ele.
Quando cheguei em Portugal, eu já tinha estado em 11 lugares citados no livro (faltavam 989...). Alguns exemplos? Brasília, Bariloche, Gran Café Tortoni de Buenos Aires, Cemitério da Recoleta, Museu de Arte de São Paulo, Recife, Porto de Galinhas, Punta Del Este e Praia de Ipanema (RJ).
Do meu querido Rio Grande do Sul são citados três locais:
  1. Festival de Cinema de Gramado
  2. Vale dos Vinhedos na Serra Gaúcha
  3. São Miguel das Missões

Destes, já estive nos dois primeiros. Faltam as Missões, ainda.

Daqui de Portugal a lista é um pouquinho mais generosa, com cinco citações:

  1. Évora
  2. Óbidos
  3. Museu Calouste Gulbenkian
  4. Sintra
  5. Ilha da Madeira

Como vcs já sabem, nesta semana estive no Museu Calouste Gulbenkian, que é o único destes 5 lugares aqui em Lisboa. Mas na sexta-feira somei mais um: Sintra. É a espécie de "Gramado" de Portugal: uma cidadezinha pequena, toda colonial, muito bonita e constantemente invadida por milhares de turistas em feriados e finais de semana. Depois falo mais sobre ela e mostro algumas fotos. Dos demais, pretendo ir até Évora e Óbidos nos próximos 10 dias que ainda permanecerei em Portugal. Agora, Ilha da Madeira vai ter que ficar para uma próxima vez, infelizmente!

quinta-feira, dezembro 07, 2006

CASSINO ROYALE


Aqui em Portugal já estreou a nova aventura do agente 007, "Cassino Royale". A estréia foi simultânea com o resto do mundo. Um dos poucos mercados que ficou de fora foi o brasileiro, que só vai poder ver o filme a partir do dia 15/12. Mas vale a pena esperar: o novo James Bond, agora interpretado pelo inglês Daniel Craig (depois do irlandês Pierce Brosnan, do australiano George Lazenby e até do escocês Sean Connery), tem toda a "manha" para a coisa - é viril, ágil, muito bem articulado e bastante espirituoso.
Esse novo filme é quase como uma reinvenção do personagem. Seria mais ou menos como a "origem" dele, ou seja, quando Bond finalmente recebe a "permissão para matar" e parte em sua primeira missão oficial. "Cassino Royale" é o primeiro livro escrito por Ian Fleming, o criador do personagem, e já fora adaptado para o cinema uma vez, em 1967, com David Niven, Orson Wells, Ursula Andress, Peter Sellers e até Woody Allen no elenco. Mas este anterior era uma comédia, uma sátira, enquanto que o novo filme é totalmente sério e compenetrado. É Bond em alto estilo e com muita ação.
O "Cassino Royale" de 2006 cumpre exatamente o que promete: cenas de arrepiar, um início envolvente, uma trama relativamente simples e facilmente identificável, bondgirls encantadoras (Eva Green, de "Os Sonhadores" e "Cruzada" é o destaque) e um protagonista bastante empenhado em oferecer o melhor de si. Após explodir uma embaixada na África e de quase mandar o aeroporto de Miami para os ares, James é mandado para Montenegro para participar de um jogo de cartas milionário. Se ele ganhar, prende um vilão procurado no mundo todo. Se perder, terá feito com que o governo inglês tenha financiado diretamente terroristas perigosíssimos. A sorte está lançada!
Claro que tudo é bastante previsível no filme. A presença de alguns atores-chaves (Jeffrey Wright, de "Syriana", e Giancarlo Giannini, de "Hannibal", entre eles) entrega os próximos acontecimentos para qualquer espectador mais antenado. Sabe todos os movimentos dos protagonistas, mas isto não chega a atrapalhar a diversão. E entretenimento se muito cérebro, porém com tradição de sobra. E, no caso, isso mais que compensa.
"Cassino Royale" é o segundo filme de melhor estréia de toda a série, tendo arrecadado cerca de 40 milhões de dólares no seu primeiro final de semana nos EUA (o campeão ainda é o anterior, "007 - Um Novo Dia para Morrer", que faturou US$ 42 milhões no mesmo período), além de ter se firmado como novo recorde para a franquia na Inglaterra. Resultados mais do que suficientes para garantir os próximos longas.
Mas nem tudo são graças. A música-tema, algo tão mítico para a série, resultou na fraquinha "You Know My Name", interpretada por Chris Cornell, vocalista da banda Soundgarden. Péssima escolha. Ainda mais depois de Madonna, que marcou presença no filme anterior.

Casino Royale, ING/EUA/ALE/REP.TCHECA, 2006
(Nota 8)

A Brasileira




As fotos prometidas: o bar "A Brasileira" ao fundo, eu sentado ao lado de Fernando Pessoa na mesinha que ele costumava frequentar quando em vida, e eu batendo um papo com o poeta Antonio Chiado, na estátua que fica em frente ao "A Brasileira", no bairro que leva o nome dele, Baixa Chiado (que fica grudado ao Bairro Alto).

"Haxixe" ou "Tás fixe"?





Na quarta-feira, dia 6/12, saímos pela primeira vez para conhecer a "noite lisboeta". E a parada certa para isso é a popular região do Bairro Alto. Zona bastante antiga da cidade, há muito não é restaurada. Mas é tudo relativamente perto, e, bastante boêmia, permite que se faça todos os percursos possíveis à pé, conhecendo bem os trajetos da região.
Primeiro passamos pelo conhecido bar "A Brasileira", que é onde tem a estátua do Fernando Pessoa. É claro que paguei um mico tirando uma foto sentado ao lado dele, mas a postarei aqui na seqüência. Ao lado eu apareço pela noite no Bairro Alto.
O sorvete da Ben & Jerry's é famoso no mundo inteiro, com exceção do Brasil. E como estamos perdendo! É simplesmente delicioso! Ali fizemos um lanche, após uma passada rápida pelo Pavilhão Chinês, um restaurante da moda, decorado com diversos objetos colecionáveis: carrinhos, bonecos, xícaras etc etc etc. Daria para ficar horas ali, só olhando para as paredes!
O Bairro Alto é, tb, conhecido por abrigar os "excluídos", digamos assim. Ou seja, por ali nota-se bastante a presença de imigrantes - olha a foto com as bandeiras brasileiras expostas ao lado das portuguesas - e de um forte público GLS. Os bares que visitamos foram os Portas Largas, Sétimo Céu e As Primas. Quem conhece Lisboa sabe o que encontramos. O público fica todo na rua, em frente ao bares, e não dentro! E olha que estava frio!
É curioso isso. No Brasil, com todo o nosso calor tropical, ficamos esprimidos dentro de ambientes abafados. Aqui, em plena Europa, as pessoas vão para as ruas, verem e serem vistas por quem está ali apenas de passagem. É muito mais tranquilo e acolhedor.
Ah, parte mais engraçada da noite: numa esquina bem movimentada, um rapaz chegou até mim e perguntou: "haxixe? Cocaína?" Venda bem escancarada e liberada. O Paulo, que estava comigo, até comentou, espantado: "nem em Amsterdã a coisa é tão aberta assim!" Daí veio a história curiosa. Um colega de doutorado do Paulo comentou certa vez com ele que, quando adolescente, ao ser abordado em semelhante situações no Bairro Alto, sempre entendia "tás fixe?", que significa "tá bem?". E ele ficava sem entender pq tanta gente, que ele nem mesmo conhecia, queria saber se ele estava bem.
E se sobra alguma dúvida: eu estava "fixe", e não precisei de "haxixe".

Book Cell no Gulbenkian

Uma das exposições mais impressionantes do Gulbenkian fica no Centro de Arte Moderna da Fundação: é o Book Cell, uma estrutura arquitetônica toda construída com livros e espelhos. Idealizada pelo artista eslováco Matej Krén, a Book Cell fica no hall de entrada do CAMJAP. Ao lado estou eu, todo feliz, na única foto que consegui tirar dentro do Museu Gulbenkian.

Calouste Gulbenkian

Hoje Lisboa amanheceu chovendo novamente. É o terceiro dia seguido. Estou me sentindo o Cristiano Dalcin, que nas suas últimas férias foi para Maceió e, dos sete dias que passou lá, pegou chuva em 5. Mas tudo bem, não será por isso que ficaríamos em casa. E, mesmo abaixo de chuva, fomos para a rua.
A primeira parada foi no museu da Fundação Calouste Gulbenkian. No livro "1000 Lugares para Conhecer Antes de Morrer", de Patricia Schultz (www.sextante.com.br), este museu é um dos cinco lugares citados em todo Portugal. E vale mesmo conferir. O site deles é www.gulbenkian.pt.
Lá se encontram obras deixadas por um milionário armênio, Calisto Sarkis Gulbenkian, que passou seus últimos anos de vida em Lisboa, até morrer, em 1955. A coleção tem mais de 6000 peças, divididas nos seguintes grupos: Arte Egípcia, Clássica e Mesopotâmica, Arte Islâmica Oriental, Arte do Extremo Oriente, Arte Européia (Séc. 14 a 17), Arte Decorativa Francesa do Séc. 18 e Arte Européia (Séc. 18 e 19), além do Acervo Lalique (o joalheiro francês René Lalique). Tem coisas incríveis, como umas estatuetas egípcias datadas de 2700 a.C.!!!!! Há peças ainda da dinastia Yüan (1279-1368), de Rembrandt, Watteau, Fragonard, Boucher, Francesco Guardi, Gainsborough, Manet e Renoir. E este é só o acervo histórico, tem ainda uma exposição recente do Amadeo Souza Cardoso, um importante pintor português, que nem tive tempo de conferir. Impressionante!
Depois disso demos uma passagem rápida pelo Centro Comercial Colombo, que é considerado um dos melhores shopping centes de toda a Europa. Ficamos umas duas horas lá dentro, e só vimos uma das alas do shopping - que é formado por QUATRO alas iguais ou maiores a que estive. Tenho que voltar lá. E, na saída... continuava a chover em Lisboa!

Dados do NBR


Só como curiosidade: nos últimos 20 anos, TODAS as atrizes premiadas no NBR concorreram ao Oscar, com apenas UMA exceção (Mia Farrow, por "Simplesmente Alice", de Woody Allen, em 1990). Felicity Huffman, Annette Bening, Julianne Moore, Halle Berry, Julia Roberts, Diane Keaton e até Fernanda Montenegro já foram premiadas aqui. Ou seja: com o Festival de Veneza e o NBR nas mãos, ninguém tira a indicação ao Oscar de Helen Mirren (será a terceira dela, e a primeira como Principal - já concorreu duas vezes como Coadjuvante, em 1994 por "As Loucuras do Rei George" e em 2001 por "Gosford Park").

National Board of Review 2006

Saiu a lista com os vencedores do National Board of Review 2006. Pra quem não sabe, esse é um dos mais importantes prêmios da indústria cinematográfica hollywoodiana pré-Oscar. Da lista dos 10 melhores filmes do ano geralmente saem no mínimo 3 dos 5 indicados ao Oscar de Melhor Filme. E os 10 melhores filmes de 2006, segundo o NBR, foram:

The top 10 from the National Board of Review:
"Letters From Iwo Jima", de Clint Eastwood
"Babel", de Alejandro González Iñarritu
"Blood Diamond", de Edward Zwick
"The Departed", de Martin Scorsese
"The Devil Wears Prada", de David Frankel
"Flags Of Our Fathers", de Clint Eastwood
"The History Boys", de Nicholas Hytner
"Little Miss Sunshine", de Jonathan Dayton e Valerie Farris
"Notes on a Scandal", de Richard Eyre
"The Painted Veil", de John Curran

Como dá pra perceber, os filmes estão em ordem alfabética, e não em ordem de preferência. O único em destaque é o primeiro, "Letters From Iwo Jima", que é considerado o Melhor Filme do Ano. Desta lista, três já foram exibidos nos cinemas brasileiros - "Os Infiltrados", "O Diabo Veste Prada" e "Pequena Miss Sunshine" - e são ótimos mesmo. Curioso "Volver" ter ficado de fora da lista, assim como "A Rainha". Mas tudo bem, não dá pra entrar todos mesmo. Mas e dois filmes do Clint Eastwood? Os dois são versões diferentes da mesma história, a americana ("Flags of Our Fathers") e a japonesa ("Letters From Iwo Jima"). E é no mínimo engraçado perceber que a japonesa é melhor do que a americana! De acordo com esta lista, minha aposta de cinco indicado ao Oscar de Melhor Filme é: "The Departed", "Little Miss Sunshine", "A Rainha", "Babel" e um destes dois do Eastwood.

Mas o NBR premia outras categorias, além de Melhor Filme. E os premiados neste ano foram:

Best Film: LETTERS FROM IWO JIMA
Best Director: MARTIN SCORSESE, The Departed
Best Actor: FOREST WHITAKER, The Last King of Scotland
Best Actress: HELEN MIRREN, The Queen
Best Supporting Actor: DJIMON HOUNSOU, Blood Diamond
Best Supporting Actress: CATHERINE O'HARA, For Your Consideration
Best Foreign Film: VOLVER
Best Documentary: AN INCONVENIENT TRUTH
Best Animated Feature: CARS
Best Ensemble Cast: THE DEPARTED
Breakthrough Performance by an Actor: RYAN GOSLING, Half Nelson
Breakthrough Performance by an Actress: (2)JENNIFER HUDSON, Dreamgirls and RINKO KIKUCHI, Babel
Best Directorial Debut: JASON REITMAN, Thank You for Smoking
Best Original Screenplay: ZACH HELM, Stranger Than Fiction
Best Adapted Screenplay: RON NYSWANER, The Painted Veil

Mirren e Whitaker estarão certo entre os indicados ao Oscar, assim como Scorsese. O mesmo pode-se dizer de "Volver", "Uma Verdade Inconveniente", "Carros", Jennifer Hudson, "Obrigado por Fumar" e "Mais Estranho que a Ficção" (estes dois últimos na categoria de Roteiro). Os demais permanecem na dúvida, principalmente os Coadjuvantes. Mas quem sabe?


quarta-feira, dezembro 06, 2006

A RAINHA

Bem, vamos começar a falar de cinema, antes que alguém reclame: "que história é essa, um blog chamado 'cineronda' e nenhum comentário de cinema?". Mas vamos começar bem. O primeiro filme que assisti aqui em Portugal foi um dos favoritos ao próximo Oscar, A RAINHA!
Dirigido por Stephen Frears (MINHA ADORÁVEL LAVANDERIA, LIGAÇÕES PERIGOSAS, O SEGREDO DE VERA DRAKE), A RAINHA se passa durante uma única semana, da morte da princesa Diana até o seu enterro, sete dias depois. O foco da ação está no comportamento da Família Real Inglesa, em como ela reagiu ao acontecimento, e como o povo inglês exigiu uma maior comoção da realeza. E há tb a atuação decisiva do recém eleito primeiro ministro Tony Blair (Michael Sheen, de UNDERWORLD - ANJOS DA NOITE). O cara foi decisivo para "salvar" a monarquia nestes sete dias.
A RAINHA nem parece ser dirigido por Frears, um cara mais acostumado com o proletariado do que com a realeza. o mais próximo seria o LIGAÇÕES, mas mesmo assim sem o registro documental deste novo trabalho. O filme é muito bem feito, uma realização de muita classe e resultado. Certamente será indicado ao Oscar nas principais categorias: Filme, Diretor, Atriz, Ator Coadjuvante, Roteiro, Edição, Fotografia (do brasileiro Affonso Beato, parceiro habitual de Pedro Almodóvar e Cacá Diegues), Figurino e Direção de Arte.
Mas A RAINHA não seria nada sem Helen Mirren. A atriz de GOSFORD PARK e AS LOUCURAS DE REI GEORGE dá um verdadeiro show, numa interpretação carregada de pequenos detalhes. O filme favorece a história, e não a atriz, mas mesmo assim ela dá um show. Para se ter uma idéia, um dos momentos mais comoventes, quando a rainha finalmente chora a perda da nora, a câmera está nas costas dela, e só vemos a lágrima quando ela se vir, após ter terminado o choro. Uma elegância irrepreensível. Mirren já ganhou o Festival de Veneza, com este trabalho, e será uma injustiça se perdeer o Oscar. Ao menos ela está melhor do que Penélope Cruz (VOLVER) e Meryl Streep (O DIABO VESTE PRADA), as duas tb deslumbrantes, e prováveis concorrentes ao prêmio máximo do cinema ao lado dela.

The Queen, ING, 2006
(Nota 8,5)

Frio europeu



E quem falou que seria preciso esperar até o inverno começar para sentir o frio europeu? Pois bem, no dia 02 de dezembro, um dia após eu pisar pela primeira vez em terras lusitanas, já estava tilintando de frio. Mas tb, estávamos no litoral, bem com o vento do mar gelado a nossa frente.

Essas fotos são na beira da praia, em Galé, antes ainda de termos ido para Lagos. Mas achei legal colocá-las aqui, só pra ter uma idéia do frio que passamos. Pelos casacos, e por estarmos todos bem "juntinhos", percebe-se a geleira!